Se for para trocar ideias, compartilhar a tarde, o vinho, o chocolate, as risadas, conte comigo! Se for para oferecer um abraço, um bom e paciente ouvido, um conselho amigo, um guarda-chuva emprestado, tudo bem, conte comigo. Se for para assistir um filme, partilhar a pipoca, as críticas e opiniões, defender as preferências, confessar medos e segredos, ainda assim, conte comigo.
Conte comigo como eu conto contigo, para beber da fonte da vida sem fechar a torneira nem tampouco provocar enchentes. Conto contigo para andar ao lado, lembrar de mim quando fico para trás, dar aquele toque necessário quando acelero demais.
Conte comigo com liberdade, sem reservas nem melindres. Se ouvir uma negativa, entenda que faz parte da vida. Da mesma forma tentarei entender também, porque, muitas vezes esperando ouvir um sim, fui embora para casa carregando um não, ou, um nada. E, acredite, sobrevivi.
Conto contigo para enxergar a vida por outra ótica, comparar com a minha forma de ver, tirar o melhor dos dois mundos e usufruir dessa vantagem de crescer junto.
Só não conte comigo se tiver intenção de absorver, de sugar, de pegar para si o que me pertence, de me descompensar, de exigir o que não foi oferecido. Para todas as opções anteriores, permaneço emocionalmente indisponível.
E espero com todas as forças que, se for eu a pedir qualquer regalia abusiva, que me depare com uma grande placa com letras pintadas em vermelho: Emocionalmente indisponível.
Não se pode nem se deve colocar qualquer emoção a serviço de carências alheias, de sentimentos mimados, desejos que não sabem ser contrariados. Para apelos obtusos, portas fechadas e nenhuma culpa.
A vida é troca infinita. É um ganha-perde saudável, sem exploração nem extorsões. De outra forma não é troca, é barganha. É escravidão, coação, chantagem, sadismo. E estar emocionalmente disponível para quem barganha e negocia a vida alheia, é pular de cabeça em um poço vazio, andar por caminhos escuros e frios, jogar-se no nada, deixar-se levar.
O desafio é enorme, mas com um pouco de bom senso e moderação, vamos aprendendo pouco a pouco a dosar a disponibilidade das emoções. Como no mundo dos negócios, um acordo só é bom se o for para ambas as partes. Se assim não for, que suba a placa vermelha indicando total indisponibilidade.
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