Marcel Camargo

A vida vai mostrando por quem devemos lutar e de quem devemos desistir

Eu não vou mentir que consiga lidar sem problemas com as perdas pelo caminho. Acontece que, às vezes, a gente perde porque foi burro. Eu já me arrependi por perceber que algumas pessoas se distanciaram de minha vida por descuido e negligência afetiva de minha parte. Mas já era tarde demais e ficou a sensação de frustração e também de culpa.

Por outro lado, eu mesmo tomei a iniciativa de me afastar de alguns indivíduos e não me arrependo. Fiquei mais leve e mais feliz longe deles. E deve ter muita gente sorrindo melhor longe de mim. Ainda bem. Deve ser um porre agradar todo mundo. Cansa demais vestir máscaras para conseguir a atenção dos outros, ninguém merece. Eu não mereço.

Tem gente que vai embora porque se muda e a distância impede que continue na mesma vibração nossa. E tem momentos em que a vida leva embora da terra quem caminhava com a gente. Aí não tem o que fazer, aí não é culpa de ninguém. Aí a gente terá que enfrentar a dor e lutar contra a saudade, reaprendendo a sobreviver e a viver faltando um pedaço.

E foram justamente as perdas pela morte que me abriram os olhos para a importância do hoje, do agora, do cuidar de quem te cuida. A vida está muito corrida e as atribulações nos desgastam emocionalmente. Confesso que chego, muitas vezes, em casa de cara amarrada, sem vontade de conversar com ninguém. Eu sei que isso é errado, eu sei que pode doer em quem me espera, mas a dureza do corpo parece contaminar o coração da gente. Mas não deve, não pode, não deixe. Eu estou trabalhando isso.

Vou assim aprendendo que esse cansaço todo me alerta para que eu não procure ainda mais motivos para tirar a minha paz. Ou seja, o tempo que me resta longe das responsabilidades pesadas não pode ser gasto perto de pessoas tóxicas, chatas, negativas, turbulentas. E assim é que eu consigo desistir mais facilmente de quem não me acrescenta nada de bom.

A vida me ensina tanto e, nem que precise me fazer doer, nunca deixa de mostrar o melhor a se fazer. Cada tombo, cada lágrima, a cada porrada que levo, eu me torno mais gente. Lógico que, de início, eu me revolto, eu me sinto injustiçado e a pior das criaturas, porém, no devido tempo, eu retomo minha fé e entendo o que eu devo aprender.

Isso na maioria das vezes, porque tem muita dor que eu acho que não entenderei é nunca. Porque sou, como todos vocês, um ser em construção, inacabado, imperfeito. E, como eu já disse, ainda bem.

Photo by taylor hernandez on Unsplash

Texto publicado originalmente em Prof Marcel Camargo

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

Recent Posts

Nova minissérie da Netflix tem 6 episódios viciantes e é baseada em livro campeão de vendas

A Netflix expande seu catálogo de adaptações de Harlan Coben com 'Cilada', minissérie de 6…

3 horas ago

Atriz de novelas da Globo previu a própria morte em naufrágio de navio

Uma das grandes estrelas da teledramaturgia brasileira partiu de forma trágica em um dos episódios…

6 horas ago

5 curiosidades sobre manter seu amado mais perto de você (benefícios)

Estar próximo de quem se ama fortalece a relação e traz diversos benefícios para o…

9 horas ago

Gerador de energia para residência: qual o ideal e como alugar?

Utilizar um gerador de energia para residência se tornou a melhor forma de garantir disponibilidade…

14 horas ago

O que a psicologia diz sobre pessoas que balançam a cabeça ao ouvir alguém

Especialistas estudam como um simples movimento de cabeça ao interagir com alguém pode refletir processos…

1 dia ago