É difícil aceitar algumas verdades. Elas doem, sangram e machucam a gente. É difícil enxergar aquilo que não queremos ver. É difícil viver situações exaustivas, mas abrir os olhos para a realidade pode nos salvar.

Comumente a gente idealiza a vida como uma festa bonita, com música, alegrias, amigos, amores e felicidade. Mas é só a gente passar pela porta para perceber que as coisas não são bem assim.

Não quero dizer que não vai ter felicidade, dança, apoio, companheirismo, amor. Não, nada disso, só estou dizendo que em alguns momentos as coisas vão ficar bem longe disso.

Continuar dançando quando a banda parou, viver na negação, fechando os olhos para aquilo que está ali, bem na frente da sua cara, nunca será a melhor opção.

Pergunte a qualquer um qual é o seu infortúnio e você vai ver que todos estão passando por situações complicadas. A diferença está na forma como cada um age diante das dificuldades.

Se a grama do vizinho é mais bem cuidada, certamente, é porque ele está atento às ervas daninhas que, vez ou outra, tentam criar raízes por lá também. A grama do vizinho não é mais especial que a minha ou que a sua. A grama do vizinho é o resultado de como ele lida com as oportunidades e adversidades da vida.

Aceitar é o primeiro passo para mudar, para transmutar a dor em algo que possa servir de lição e consolo. Aceitar não quer dizer que você vai se entregar e engolir um monte de sapos. Não, nada disso, aceitar é tomar consciência da situação para agir diante dela com assertividade.

Uma pessoa assertiva, psicologicamente falando, apresenta um comportamento equilibrado diante das situações, não agindo com submissão ou agressividade.

Apenas lembrando que podemos agir de quatro formas distintas diante do que nos surge: podemos ser passivos, agressivos, passivos-agressivos ou assertivos.

De acordo com a psicologia, agir de modo seguro e confiante é ser assertivo e pessoas assertivas sabem identificar quais ações são mais apropriadas para determinados momentos.

A boa nova é que eu posso ser assertiva e você pode ser assertivo, basta querer. Mas para trilhar esse caminho antes precisamos aceitar nossa condição, por mais arrasadora que nos pareça e buscar um novo ponto de vista, uma nova solução ou forma de agir.

Precisamos nesse ponto ser meio “Dráuzios Varellas”. Eu explico. Quando alguém estaciona muito próximo ao carro do médico ele não pensa duas vezes em dar a volta e entrar pela outra porta. Algo que é sim desconfortável, afinal há um freio de mão no meio do caminho, mas que resolve mais do que reclamar, xingar ou ter um ataque de fúria, coisa que só traria mais dor de cabeça.

As razões e culpas pelo que nos acontece, podem ser concretas, mas não resolvem as coisas. O ideal é que a gente enxergue o inevitável com bons olhos e se poupe daquilo que é irremediável.

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Atribuição da imagem: pexels.com – CC0 Public Domain.

Vanelli Doratioto

Vanelli Doratioto é especialista em Neurociências e Comportamento. Escritora paulista, amante de museus, livros e pinturas que se deixa encantar facilmente pelo que há de mais genuíno nas pessoas. Ela acredita que palavras são mágicas, que através delas pode trazer pessoas, conceitos e lugares para bem pertinho do coração.

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