O adolescente de 16 anos que confessou ter tirado as vidas de seu pai, sua mãe e sua irmã, ficou surpreso ao ser informado pela polícia que seria apreendido. O crime aconteceu na residência da família, localizada na Zona Oeste de São Paulo.
Roberto Afonso, o delegado responsável pela investigação, disse ao g1 que o jovem declarou surpresa, mas não se arrepende.
“Ele tomou um susto. Foi uma surpresa pra ele que na hora que foi falado: ‘você vai ser preso’. Ele se espantou com isso. A gente não sabe se ele estava fora da realidade com relação à apreensão ou pode ser que ele tenha considerado que é um adolescente. A gente vai estar analisando lá na frente”, relatou o delegado.
Isac Tavares Santos, de 57 anos, Solange Aparecida Gomes, de 50 anos, e Letícia Gomes Santos, de 16 anos, foram encontrados sem vida na residência. No domingo (19), o filho do casal entregue à Polícia Militar e confessou ter cometido o crime. Os corpos ficaram no imóvel por três dias.
A polícia apreendeu os celulares dos pais e da irmã, além do celular e computador do adolescente. De acordo com o delegado, vizinhos, amigos e familiares serão ouvidos nos próximos dias. A investigação busca determinar se o jovem agiu sozinho.
“A perícia será muito importante nos aparelhos dele, dos pais e irmã. No momento não podemos dizer se teve algum mentor. Até agora sabemos que era uma família pacata. Vamos aprofundar na investigação”, completou o delegado.
Segundo o boletim de ocorrência, o adolescente foi entregue à Polícia Militar na noite de domingo (19), confessando ter matado os familiares com a arma de fogo do pai, uma guarda civil municipal de Jundiaí (SP), e que queria se entregar.
Os policiais foram à casa da família, na rua Raimundo Nonato de Sá, onde resgataram o adolescente. Ele relatou ter cometido o crime na sexta-feira (17) por estar com raiva dos pais que confiscaram seu celular (veja depoimento abaixo).
“É um caso que sempre choca, né? Você tem familiares que foram assassinados por um outro familiar. É um homicídio intrafamiliar. Sempre chama atenção a frieza, porque são familiares. Matou três familiares e tem espaçamento de tempo. As questões vamos levantar e mais pra frente vamos traçar um perfil do garoto”, afirmou o delegado.
O adolescente será submetido a uma avaliação psicológica.
“Ele fica esse tempo apreendido na Fundação Casa. O Ministério Público, titular da ação penal, vai estabelecer da necessidade de rigidez mental para saber se ele estava em sã consciência. Isso tudo tem que ser analisado e o MP fará isso aí. Vamos aguardar o laudo”, explicou o delegado.
Uma pistola usada no crime foi encontrada na mesa da sala, municiada. Próximo ao corpo da adolescente havia uma cápsula deflagrada. A arma e a munição foram apreendidas.
Depoimento
Na delegacia, o adolescente afirmou que sempre teve desentendimentos com seus pais adotivos.
“Ele falou que a família estava achando que ele era ‘vagabundo’ por estar o dia todo no celular. Ele generalizou a situação e ao longo da investigação teremos contato com ele pra pegar mais informações”, afirmou o delegado.
O adolescente relatou que sabia onde o pai guardava a arma e o testou antes do crime. Na sexta-feira (17), ele atirou no pai que estava de costas na cozinha. A irmã pegou o tiro, foi até o local e foi baleada no rosto.
O jovem contou que foi à academia depois de matar o pai e a irmã. Ao retornar, esperou pela mãe, que foi assassinada ao ver os corpos. No dia seguinte, o adolescente esfaqueou o corpo da mãe.
O caso foi registrado como ato infracional por homicídio, feminicídio, posse ilegal de arma de fogo de uso restrito e vilipêndio de cadáver.