Tais Adbo

Afinal, o que buscamos nas redes sociais?

Primeiramente, assumirei a premissa de que todos (ou a grande maioria) que estão lendo esse texto possuem algum tipo de perfil ativo em alguma rede social.

Bom, feito isso quero também deixar claro que não busco repetir mais do mesmo, sobre como nos distanciamos das pessoas a nossa volta e nos centramos nas superficialidades da internet. Acho que isso todo mundo já ouviu, concordou em certa medida, e depois rolou um pouco mais a página do feed de notícias buscando mais novidades.

O que eu quero é falar sem julgamentos, e tentar ao menos entender um pouquinho o que a gente tanto busca e nunca encontra. É assim que vocês se sentem também? Buscando algo que é tão difícil de encontrar? Pensando bem, não deve ser só isso, acho que também encontramos alguma coisa sim, e é nisso que deveríamos focar para entender melhor como as coisas funcionam. Se nada encontrássemos, era só desligar o computador, o celular, o tablet e ir “viver a vida real”, mas a gente sabe muito bem que não é assim que a banda toca.

Fato mesmo é que gostamos das redes sociais, e muitas vezes não é muito legal ou fácil admitir isso. E o que elas nos proporcionam que nos fascina e nos provoca desprezo? Acho que o desprezo é mais fácil de caracterizar, e já caiu no senso comum nosso de cada dia, inclusive já falei sobre ele ali no começo do texto. E o que fascina? O que fascina talvez seja a possibilidade, não de encontrar algo novo, mas de nos encontrarmos.

Essa possibilidade que nos é o tempo todo apresentada de que, se a gente procurar bem, encontraremos um texto, uma imagem, uma foto, algo que nos represente, seja lá o que isso quer dizer.

Nos encontramos através do outro, através do compartilhamento das mesmas ideias, opiniões, imagens. Nos vemos nas redes sociais como espelhos. As imagens engraçadas que mandamos aos amigos, os vídeos fofinhos de cachorros, os textos com os quais nos identificamos.

Você percebe agora onde quero chegar? Estou pensando na possibilidade de que nos apaixonamos tanto pelas redes sociais porque estamos desesperados por nos encontrarmos, por nos enxergarmos. Claro, queremos ser vistos pelos outros, mas também queremos ser vistos por nós mesmos, e precisamos do olhar do outro para fazer isso.

O que você anda compartilhando? O que te dá prazer observar nas redes sociais? Pense nisso, talvez te mostre algumas respostas, tanto sobre suas relações, quanto sobre você mesmo.

Tais Abdo

Psicóloga clínica especialista em Psicoterapia Psicanalítica Contemporânea e atualmente mestranda na linha de Psicanálise e Civilização. Acredito não no poder de cura da psicologia, mas na capacidade que ela tem de transformar a dor e o sofrimento em compreensão e aprendizado.

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