Sim, agradeço pelo ano que tive. Os machucados, as alegrias, os momentos de desespero e os dias de calmaria. Se eu não tivesse passado por tudo isso, acredito que talvez não fosse quem você vê agora. Ter gratidão pelas coisas boas é simples. Complicado é agradecer por todas as cicatrizes que marcaram a minha paz este ano.
Foram muitas despedidas e muitos recomeços. Acho que faz parte de qualquer coração viver esse ciclo de transformações. É desse jeito que a gente aprende a cuidar e a valorizar instantes. Carregar o peso do mundo não resolve nada. É desleal e absurdo transbordar onde não existe uma real importância para nós. Foi sentindo assim que resolvi me guardar um pouco mais. Foi com esse aprendizado que encontrei sossego dentro da minha vida. Não posso dar conta daquilo que não me estimula e troca com os meus sorrisos.
Demorei, mas percebi ainda em tempo do ano terminar que, sem uma felicidade cultivada a cada gesto, reciprocidade alguma é possível. E não falo só do recíproco nos relacionamentos, mas também na forma como a vida irá ou não te aconselhar. Precisei reparar nos sinais para atingir essa espécie de tranquilidade e maturidade dos meus inteiros.
Não nego os erros que cometi. Pedi desculpas, encarei lágrimas, atravessei perdas. Foi um ano de grande desgaste emocional, assumo. Mas é aí que está a lição, a vida continua. Eu não queria o luxo de não me importar, ainda que quisesse que as dores não deixassem marcas. Mas todas deixam. Hoje, sou mais forte.
Para o ano que vem, que venham novos inícios. Que venham novas oportunidades de sentimentos e pessoas para o meu convívio. De expectativas frustradas, não sofro mais. Tive o ano inteiro para entender quem aproxima e quem afasta. Só desperto afetos para quem cumpre a mais importante das entregas, a cumplicidade.
Sim, agradeço pelas dores que tive este ano. Elas me ensinaram – algumas vezes em duras quedas, que se eu não tivesse passado por tudo isso, o meu coração não encontraria a serenidade necessária para enxergar o meu melhor. Um muito obrigado ao ano do autoconhecimento.
Imagem de capa: Pablo Rogat, Shutterstock
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