Minha morte nasceu quando eu nasci…
Despertou, balbuciou, cresceu comigo…
E dançamos de roda ao luar amigo
Na pequenina rua em que vivi
Já não tem mais aquele jeito amigo
De rir que, ai de mim, também perdi
Mas inda agora a estou sentindo aqui,
Grave e boa, a escutar o que lhe digo:
Tu que és minha doce prometida,
Nem sei quando serão nossas bodas,
Se hoje mesmo… ou no fim de longa vida…
E as horas lá se vão, loucas ou tristes…
Mas é tão bom, em meio às horas todas,
Pensar em ti…saber que tu existes!
Mario Quintana
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Esse belíssimo poema do mestre Mario Quintana de repente me surgiu num momento de tristeza e luto que vivencio enquanto escrevo esse texto. No dia 01/07/2019 um amigo muito querido chamado Alan Lima desencarnou após um período de um ano no qual lutava para se curar de um câncer bem agressivo.
Ele tinha apenas 27 anos e muitos sonhos de futuro. Ao longo do tratamento, sempre que tinha condições, ele escrevia um texto nas redes sociais pontuando todas as coisas boas que estava vivenciando, apesar de todas as dores, angústias e sofrimentos.
Um dia que lembro com carinho foi quando feliz e vibrante ele disse que conseguiu tomar uma garrafa de água de 500 mL sozinho, sem o menor auxílio de ninguém. Uau! Esse garoto tinha uma sabedoria e uma maturidade muito grande para alguém com apenas 27 anos.
Eu o levarei comigo para sempre. Ele é uma pessoa muito importante na minha vida. E como gosto de reiterar, importantes são aquelas pessoas que portamos para dentro do nosso coração, ou seja, elas se tornam parte da gente…
A poesia do Quintana reforça a ideia do quão misteriosa é a vida. Esse poeta faleceu prestes a completar 88 anos. Foi uma vida longeva na qual ele teve a possibilidade de produzir muitas obras e se tornar reconhecido. Porém, ele mesmo diz que não sabia quando seria esse encontro com a morte, se hoje mesmo ou num futuro distante.
Eu tenho cada vez mais consciência de que é positivo não saber quando será esse dia, porque dessa forma podemos aproveitar cada instante como uma dádiva divina.
Apesar da tristeza imensa pela sua partida, algo dentro de mim traz um sentimento bom que foi saber que ele cultivou aquilo que é impossível de ser perdido, e que ele levou para a luz infinita. As amizades, o amor, o carinho, a gratidão, a generosidade, o respeito, o bom humor.
Não pude conviver de perto com ele, mas sei a partir da leitura dos seus textos que tudo que ele fazia era pensando em como espalhar o bem, a alegria e as boas reflexões para o maior número de pessoas que pudesse alcançar.
Sempre que algum texto seu tinha muitos compartilhamentos e comentários ele agradecia por ser esse portal que contribuiu para iluminar, para ajudar, para transformar vidas.
Provavelmente as palavras dele que mais reverberam em mim falam sobre isso. Que o segredo para ter sucesso no que faz, seja lá o que for, é que somos todos aprendizes, e se algo que fizemos pôde gerar transformações na vida de alguém, não é porque somos bons ou talentosos. Errado, é porque fizemos algo de coração, com sinceridade, com generosidade…
E as horas lá se vão, os dias, os meses, os anos. E por fim, esse sopro que chamamos de vida…
Esse texto é apenas uma singela homenagem a alguém que fará falta pra muita gente. Esse jovem chamado Alan Lima certamente deixou esse planeta um lugar mais bonito e perfumado com a sua presença. Com isso posso afirmar que ele cumpriu sua missão de vida lindamente e que os frutos de todo amor que ele transmitiu continuarão alimentando milhares de corações…
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Nota da página: para quem não sabe, o Alan Lima esteve envolvido com a Conti outra e depois com a página Psicologias do Brasil por muitos anos. Ele era da nossa família.