Um grupo da Faculdade de Medicina da USP publicou os resultados de uma pesquisa a respeito da associação entre o consumo de álcool e drogas com a ocorrência de mortes violentas. O trabalho coloca em números os dados dessa relação na cidade de São Paulo. A descoberta é que o consumo de álcool, ou de pelo menos um tipo de droga, guarda associação com mais da metade (55%) das mortes violentas ocorridas na capital paulista entre 2014 e 2015.
Gabriel Andreuccetti, pesquisador do Departamento de Medicina Legal da Faculdade de Medicina (FM) da USP, explica que o que o levou a esse estudo foi o fato de o Brasil ter nas mortes violentas um dos seus piores problemas de saúde pública. Sob a luz dessa situação vivida pelo País, o grupo de pesquisa de Andreuccetti realizou um trabalho de investigação da relação existente entre as chamadas mortes violentas e o consumo de álcool e drogas ilícitas. A literatura mundial aponta a relevância dessa associação, no entanto, faltam no País dados que sustentem estratégias de saúde pública, que é exatamente o objetivo da pesquisa.
O pesquisador conta que o intuito foi fazer o primeiro estudo de base populacional para dar uma dimensão da relação estudada em uma cidade como São Paulo. Esse estudo ocorreu ao longo de 19 meses e foi identificado que mais da metade das vítimas investigadas tinham traços de álcool e drogas no sangue no momento de sua morte, e que, dessas, a maioria era de homens entre 18 e 50 anos de idade. Essas mortes ocorrem por diversos fatores, diz Andreuccetti, que podem ser acidentes de trânsito, homicídios, afogamentos, suicídios e envenenamentos, entre outros.
As mortes estão, segundo aponta o estudo, diretamente relacionadas com o consumo das substâncias; entretanto, a relação não é necessariamente causal. Esses dados servem, também, para a avaliação da eficiência de políticas públicas de saúde ou de trânsito, por exemplo, e não para uma análise criminal. Por fim, o pesquisador conta que o álcool é a droga psicoativa que mais causa dano social no Brasil e no mundo, e que as pessoas têm começado a beber cada vez mais cedo. Uma consequência disso é que, à exceção do suicídio, em todas as causas de morte o álcool sempre foi a substância mais encontrada. Outro ponto descoberto foi que o álcool está mais associado a mortes no trânsito, já a presença de drogas ilícitas, como cocaína e maconha, prevaleceu nos casos de homicídio.
Reprodução Jornal da Usp
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