Dirigido por Walter Salles e Daniela Thomas, Terra Estrangeira é um marco do cinema brasileiro dos anos 1990, explorando temas como exílio, identidade e pertencimento. Com uma fotografia em preto e branco hipnotizante, o filme mistura drama e suspense em uma narrativa que reflete a crise social e econômica do Brasil no início daquela década.
A trama segue Paco (Fernando Alves Pinto), um jovem aspirante a ator que, após a morte da mãe, decide aceitar uma proposta suspeita de contrabando. Ele embarca para Lisboa, onde conhece Alex (Fernanda Torres), uma brasileira exilada. Juntos, eles se envolvem em um perigoso jogo de sobrevivência, amor e desconfiança.
O filme se destaca por capturar a melancolia de quem vive longe de suas raízes, ao mesmo tempo que desenha uma crítica sutil à desesperança de uma geração perdida. A escolha pelo preto e branco enfatiza o sentimento de isolamento, enquanto as ruas de Lisboa e São Paulo ganham um ar atemporal, refletindo a dualidade entre fuga e nostalgia.
As atuações de Fernando Alves Pinto e Fernanda Torres são intensas e cheias de nuances, transmitindo a fragilidade e a resiliência de seus personagens. A direção de Salles e Thomas equilibra momentos de tensão e contemplação, criando uma narrativa que é ao mesmo tempo urgente e poética.
A trilha sonora, com destaque para a canção Vapor Barato, interpretada por Gal Costa, é outro ponto alto, intensificando a atmosfera de desamparo e desejo de liberdade.
Terra Estrangeira é mais do que uma história de fuga e encontros; é um retrato poderoso de uma época e um convite à reflexão sobre o que significa pertencer a um lugar — ou não. Um clássico imperdível para os amantes do cinema nacional e das histórias que transcendem fronteiras.