Infelizmente, não serão muitos aqueles que conseguirão entender que o seu próprio comportamento determina grande parte daquilo que acontece em suas vidas. Isso porque não é fácil aceitar que a gente falha, escolhe mal, machuca, que a gente pode ser desagradável e não atender às expectativas alheias, em diversos aspectos. Aceitar os próprios erros obriga-nos a mudar e mudar dói.
É por isso que muitos relacionamentos, seja de amizade, seja de trabalho, sejam familiares, sejam amorosos, acabam não dando certo. Ficar junto de alguém requer concessões, ajustes e abalos na zona de conforto, porque qualquer interação deverá ser uma via de mão dupla; caso contrário, uma das partes sempre estará com mais pesos nas costas. Porém, o que costuma ocorrer é a cobrança, sem ao menos olhar para si mesmo.
Quem não olha para si mesmo mal se conhece e, pior, fica achando que conhece o outro perfeitamente, uma vez que só repara no que está lá fora. Como não gasta um segundo refletindo sobre os próprios atos, passa o dia prestando atenção no outro, cheio de críticas e de julgamentos. Cobra dos parceiros tudo o que lhe desagrada, exigindo que o outro mude, sem perceber que, muitas vezes, as respostas que lhe chegam são desagradáveis porque ele próprio oferta pouco e, não raro, de maneira incômoda.
Assim, muitas pessoas irão machucar o outro e, quando receberem de volta o que doaram, ficarão desconcertadas, ficarão perplexas, dirão não entender o porquê de estarem sendo tratadas daquele jeito. E, se o outro não corresponder, não retornar nada, por não ter aceitado ser o único a fazer concessões, elas se sentirão ofendidas e acusarão o parceiro de egoísta, sendo que o egoísmo de si mesmas jamais assumirão. Serão sempre as vítimas da história.
Relacionar-se com quem não reflete sobre si mesmo será uma travessia por demais dolorosa e, na maior parte do tempo, solitária, pois todo o peso afetivo, toda a carga emocional recairá somente de um lado. E amar sem volta ninguém há de merecer.