Segundo matéria publicada em G1, em 20-03-2019, cerca de 120 alunos de escolas da zona rural de Guaratinguetá (SP) foram a shopping na zona norte de São Paulo para uma exposição infantil.
As crianças, com idades entre 6 e 10 anos, ganharam a viagem após uma premiação por mérito realizada nas escolas.
Segundo Jozeli Gonçalves, a diretora de uma das escolas, constou que o grupo já tinha os ingressos para a exposição às 14 horas, mas decidiram chegar duas horas mais cedo para incluir no passeio um almoço em uma rede de fast food. A diretora também relatou para o G1 que a comunidade e os pais das crianças se mobilizaram para custear a alimentação do grupo de alunos, assim como o dia em São Paulo. O deslocamento de ônibus para exposição foi custeado pela prefeitura. Já os ingressos haviam sido doados pela ONG Orientavida à administração e repassados às escolas.
Ainda de acordo com a diretora Jozeli, ao chegarem ao local, enquanto uma fila era organizada pelas educadoras na porta do shopping, uma mulher, que segundo a educadora era funcionária do shopping, abordou as professoras e informou que o local não poderia acomodar aquela quantidade de alunos e que o espaço ‘é de elite’.
“Nós fomos com crianças que nunca tinham ido a um shopping, que só viam fast food pela televisão. Era para ser um dia especial, mas esbarramos no preconceito. A funcionária pediu que fôssemos a uma lanchonete na esquina do shopping e ainda justificou que poderíamos ter problemas com a segurança do espaço porque o shopping era considerado de elite”, contou a diretora ao G1.
“Nós ficamos cerca de vinte minutos tentando mediar a situação até que acionamos a Secretaria de Educação do município, que articulou com a organizadora da exposição a liberação da nossa entrada. Nisso, parte dos alunos já tinha deixado o local para comer fora do shopping mesmo. Começamos a notar que os alunos maiores tinham percebido que estavam sendo barrados e não queríamos isso”, disse.
Para ela, o grupo foi discriminado social e racialmente, já que parcela das crianças são negras.
Após a negociação, o acesso foi liberado e parte dos alunos da excursão comeu no shopping. O restante do grupo só foi ao local mais tarde próximo ao horário da exposição.
“São alunos de comunidades carentes, da zona rural e com poucas oportunidades. Essa já é a realidade deles. O que sentimos ali é que essa segregação que eles já enfrentam foi repetida. Mas nós entramos e insistimos porque somos agentes transformadores e queríamos mostrar que eles têm espaço. Vê-los encantados até com a escada rolante não teve preço”, contou Jozeli para o G1.
Em nota, a Secretaria de Educação de Guaratinguetá informou que “repudia racismo e qualquer forma de discriminação, e continua acompanhando e apoiando educadores e alunos nas providências que julgarem necessárias”.
O shopping JK Iguatemi informou que a exposição é organizada pela equipe da ONG Orientavida, cuja responsável foi acionada pelo estabelecimento para que reforce o treinamento com sua equipe de recepcionistas.
“O empreendimento reforça que não compactua com a atitude tomada pela colaboradora da mostra e ressalta que trabalha continuamente para que todos os clientes sempre se sintam acolhidos e bem-vindos”, diz trecho da nota do shopping.
A ONG Orientavida, responsável pela exposição, classificou o fato como isolado e pontual. Afirmou que tem recebido gratuitamente crianças de escolas públicas e comunidades carentes e esse foi o único incidente.
A ONG informou ainda que tomou as medidas necessárias para que o fato não se repita e que a funcionária foi desligada.
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Todas as informações são provenientes do G1, em matéria de Poliana Casemiro
Imagem de capa: Alunos da rede pública de escolas da zona rural de Guaratinguetá foram barrados em entrada de shopping — Foto: Arquivo Pessoal/Jozeli Gonçalves
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