À minha querida avó Emilia, a quem um dia eu não soube entender
Se você me abraça e eu não o reconheço,
Não faz mal,
Abrace-me mesmo assim,
Pois sou capaz de sentir a sua energia de amor a me envolver.
Se você conversa comigo e eu não entendo o que você diz,
Não faz mal,
Converse ainda assim,
Pois a sua expressão será capaz de me mostrar que tenho a sua atenção e o seu companheirismo.
Se ao me ver tendo comportamentos que, em público, eu jamais antes teria,
Não se envergonhe,
Nem desdenhe.
É apenas o meu inconsciente se libertando dos entraves da matéria.
Caso eu pareça indiferente e distante,
Não se engane, meu filho.
Estou próxima, bem próxima, clamando pelo seu carinho.
Se o meu sofrimento lhe entristece ou aborrece,
Não, não sinta pena e tampouco deseje a minha morte,
É o meu espírito que se aperfeiçoa, a cada dia e no tempo do Senhor, num salto notável a que poucos conseguem chegar…
Se minha aparência lhe causa repulsa,
Beije-me mesmo assim,
Afague os meus cabelos,
O seu carinho é um bálsamo ao meu espírito tão carente por seu amor.
Quando vir o meu corpo já desfalecido, pronto para o derradeiro adeus,
Oh, nesse momento, somente nesse momento, tenha a certeza de que já me fui…
Encontrar o Pai em esferas mais elevadas.
Antes disso, porém, não me negue o seu amor.
Eu estava em difícil prova, necessitando de sua ajuda, de sua compreensão, totalmente entregue ao seu livre arbítrio, mas com a forte expectativa de que seria capaz de me proteger.
Regiane Reis
“Com formação na área jurídica e buscando o autoconhecimento, entendi que precisava escrever sobre temas universais como a vida, o amor e a fé.”Acompanhe a autora no blog Pausa Virtual ou no Facebook.