Amamos quem nos aceita como somos, fazendo com que nos tornemos melhores. Amamos quem reflete uma imagem nossa que nos agrada. Amamos quem é capaz de despertar nossas energias emocionais e criativas até então adormecidas. Amamos quem ajuda a nos transformarmos em pessoas amorosas”.
Harold Kushner
Essas lindas palavras desse rabino norte-americano são muito profundas e verdadeiras. Em meio a tantas crises que nosso mundo vem passando, refletir sobre o amor penso ser o melhor caminho para superação de tudo. Como dizia Jesus Cristo: “o amor perfeito lança fora todo o medo”.
Estamos atravessando uma pandemia e muitos têm escrito ou gravado vídeo mostrando as discrepâncias de comportamento das pessoas. Umas extremamente comprometidas com a coletividade, tirando dinheiro do próprio sustento para ajudar famílias carentes, ou ficando em casa junto com crianças pequenas para servir de exemplo pra elas que esse é um gesto de amor, ou que estão na linha de frente nos hospitais cuidando de pacientes em estado grave pelo coronavírus e dessa forma, estando muito mais vulneráveis do que as outras pessoas.
Há também grandes intelectuais gravando vídeos, fazendo Lives nas redes sociais, escrevendo textos e artigos, e estão nos convidando a refletirmos juntos, a pensarmos juntos soluções para esse período de crises e acima de tudo, para o período pós-crise.
Tenho percebido essas inúmeras demonstrações de amor e não vou citar nomes porque é um verdadeiro batalhão de pessoas tendo essa maravilhosa mobilização na direção do bem e do cuidado. Mas não sejamos ingênuos! É claro que existem muitas pessoas que estão nesta crise revelando quem realmente são: egoístas, ensimesmadas, pouco ou nada empáticas, aproveitadoras, mesquinhas etc. Destas o que precisamos nutrir é o sentimento de compaixão à distância.
Esse sentimento é difícil de ser compreendido, então vou me ater um pouco a ele. Quem mais me ensinou isso foi o mestre Dalai Lama. Ele sempre diz que a compaixão não é visceral, não é um sentimento genuíno, ele precisa ser aprendido e exercitado, e assim como exercitar os músculos faz com que eles fiquem doloridos no começo, assim é com o nosso coração. Sentimos uma dor profunda ao emanar amor para quem demostra pelas atitudes o total oposto disso.
Dessa forma, resumindo, a compaixão é internamente emanar o amor, mas evitando a proximidade física com os que não vibram nessa frequência. Jamais sendo omisso aos erros, defeitos ou mesmo crueldades de alguns.
Atitudes más e destrutivas devem sim ser combatidas, mas minha sugestão é que isso seja feito com amor, sem colocar ainda mais raiva, ódio, ignorância etc. nas situações em que tais sentimentos predominam.
Além disso, o ideal é nos cercarmos de bons exemplos, de pessoas repletas de amor, que demonstram esse amor e assim nos ensinam a ser pessoas mais amorosas!… Quero nesse breve texto exaltar principalmente àquelas que estão em serviços essenciais que não podem parar de jeito nenhum: médicos, enfermeiros, assistentes, garis, faxineiros(as), cozinheiros(as), padeiros(as), seguranças, policiais, caixas de supermercado, atendentes de farmácias, agentes de telecomunicações, motoristas de ônibus, condutores de UBER e taxi, correios, entregadores de aplicativos etc. etc. Essas pessoas, que na imensa maioria (quase a totalidade) são anônimos. Meu muito obrigado, minha profunda gratidão. O amor de vocês é provado pelo próprio trabalho que muitas vezes envolve a sobrevivência de si e da família.
Esteja perto de pessoas que ativem o melhor que há em você, que torcem pelo seu bem, pelo seu sucesso, e nesses tempos, obviamente, torcem para que você esteja 100% saudável.
Concluo retomando uma das frases que mais me norteia na vida e que tem me ajudado imensamente a enfrentar essa crise com a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo, parafraseando o grande Walter Franco.
Uma linda frase atribuída ao pacifista Mahatma Gandhi: “O amor de um único homem neutraliza o ódio de milhões…”.
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