Outro dia eu disse que quem inventou que a vida começa aos 40 tinha razão. Bom, se isso é mesmo verdade, sou recém nascida.
Como todo recém nascido, os primeiros anos de vida vêm sempre acompanhados de muito aprendizado. Aprendemos a caminhar, falar, controlar os impulsos. Então me pergunto: Qual é o aprendizado nos primeiros anos dessa vida que começa aos 40?
Eu ainda não sei a resposta. Como uma criança que descobre as primeiras cores nas coisas do mundo, a entrada nos 40 tem sido um caleidoscópio mágico de descobertas que jamais pensei fossem possíveis nesta idade.
Apesar de ainda estar em plena aprendizagem sobre maturidade emocional e busca pelo meu lugar no mundo, já posso intuir que uma coisa que definitivamente se aprende é AMAR DE FORMA SÃ. É esse o momento em que se entende que para amar ao próximo é necessário amar a si mesmo e deixar que esse amor se reflita sobre o outro, e não o contrário.
Nas primeiras lições dessa nova vida, tenho tido a sorte de descobrir, finalmente, como deve ser a comunicação entre duas pessoas que se gostam, se estimulam, se respeitam, se admiram e compartilham valores.
Duas pessoas que não se possuem como objetos, não servem de muleta, não valorizam o outro segundo sua utilidade, não gastam toda sua energia tentando decifrar-se. Ninguém manipula, ninguém compete, ninguém teme ou caminha em ovos.
Parafraseando Rubens Alves, joga-se uma partida de frescobol e não de tênis. Tem cumplicidade, caráter, confiança, espontaneidade, leveza, maturidade, completude, fluidez e fluência. Tem troca intelectual, tem profundidade, tem significado e significância. Tem tudo isso e tem mais: quando você encosta a cabeça no peito daquele que escolheu, tem uma caixa torácica que não é oca: há um coração que bate lá dentro.