Por Josie Conti
Um dia desses, eu estava sentada em um banco do parque enquanto comia um sanduíche, quando um casal de idosos estacionou seu carro nas proximidades. Eles abaixaram os vidros das janelas e eu pude ouvir o jazz que vinha do rádio. Em seguida, o homem saiu do carro, deu a volta até o lado do passageiro, abriu a porta para a mulher, pegou sua mão e a ajudou a sair de seu assento. Guiou-a, então, à cerca de dez metros de distância do veículo. Na próxima meia hora eu os observei, enquanto dançavam lentamente sob um carvalho.
A maturidade afetiva reflete diversos aspectos dessa doce história. Um programa planejado, a cumplicidade, o cuidado com o outro, ao abrir a porta do carro, o fundo musical que promove uma harmonia rítmica, afina os passos e promove o conforto para a condução mútua que só o par pode realizar. O local indica atenção, é bonito, agradável. Reflete um desejo de resgatar memórias ou mesmo de construir novas e especiais lembranças. A dança possibilita o estar próximo, o toque da pele que acontece em um espaço afetivo e seguro. O tempo da dança também é cenário, é disponibilidade para o outro, para aquele que amamos e que merece atenção.
Há diversas formas de dançar sob um carvalho, basta destinar ao parceiro escolhido uma parcela da sua melhor atenção. É constante treino de desapego, é celular desligado e redução de horas extras. Tem que haver tempo separado para conversa interessada e sem interferência.
O local especial pode ser a cadeira da cozinha, o sofá da sala, o momento dividido antes de dormir. Cumplicidade e companheirismo gostam de simplicidade, lavam quintal, varrem a varanda e dão boas risadas na calçada.
Dançar sob o carvalho é ainda saber que parceiro também precisa de dança solo, de momento pessoal atrás das cortinas e de holofotes só para si. É só na independência da dança individual que pode surgir a maturidade da parceria, a opção pelos passos compartilhados.
Falo sobre isso porque, assim como o carvalho, fui testemunha. E, se não acreditarem em mim, prestem atenção aos carvalhos de sua própria existência, visitem-nos, dancem aos seus pés.
Talvez, no futuro, eles possam te falar desta e de outras histórias de amor.
Nota: A história introdutória foi adaptada do original traduzido.
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