O que é o amor senão uma sucessão de verdades? Não verdades construídas de acordo com as próprias necessidades, mas benditas pela sinceridade e vontade do coração para simplesmente ser. Estar ou querer estar num relacionamento algumas vezes pode significar abrir mão de ser honesto. Porque, com medo dos possíveis julgamentos morais articulados diariamente, nos escondemos nessa concha, onde se quer agradar o outro, mas em poucos momentos a nós mesmos. O amor genuíno despido dos egoísmos deve disposto, abraçar a oportunidade da gentileza e do carinho maior. Sem amarras, injúrias e disputas sentimentais. Amar não pode doer, nunca. Quando em discordância, talvez causar estranheza, mas sempre almejando os sorrisos e a troca. É a soma de dois sentimentos, não? O acordo entre os amantes jamais pode ser para preenchimento. Depositar sentir sem reciprocidade não gera um amor melhor. Aliás, entenda que essa ideia de quantificar o amor por gestos e concessões nada mais é que uma birra emocional. É um coração querendo ser soberano, enquanto a outra metade declina, sem direção, rumo à passividade. Quando duas mãos ficam juntas é para caminharem.
Mas a vida segue e, com ela, inúmeros amores são vividos. Inícios, meios e fins possuem suas importâncias. Querer esquecer experiências prévias de forma a zerar o relógio do “eu te amo” é dos pensamentos mais tolos, pois é preciso desamar para amar o novo. Não há instante que dure, sorriso que prevaleça e beijo inesquecível sem essa ponta agridoce do “acabou”. E ao contrário daquilo disseminado por grande parte dos corações dilacerados, certo e errado a respeito do amor é nada menos que um ponto de vista. Só quem sabe das asperezas e plenitudes do amor é o sujeito que o sente. Que encontra e reconhece os seus limites. Que sabe quando desistir ou continuar a investir tempo e desejo. Qual indivíduo poderá dizer não ser amor? Como alguém pode medir, com exatidão, até onde vai essa dança afrodisíaca e voraz? O amor nunca foi um jogo e mesmo os que o veem como, certamente já não sabem amar faz tempo. Estão tão desgastados e solitários que encontram prazer nessa adrenalina de fazer do outro objeto de estudo e não de carinho. Na pior das hipóteses, enxergam preguiça na possibilidade de serem realmente felizes. O mais irônico é que depois reclamam e clamam por mais amor. Como proceder mediante tamanha incoerência? É pedir demais um pouquinho de paz ao coração?
Então, se o encontro sorrir, apenas deixe-o entrar. Ame com doçura, ame com sinceridade. Esqueça o sentido das horas, perca-se nas carícias e, acima de todas as coisas, traga o querer na ponta dos lábios. De repente, o fim será inevitável mais pra frente, por diferentes razões e emoções, mas também pode ser que o amor repouse, acrescente e faça de algumas palavras, o início de um caminhar entre mãos que querem estar.
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