Em 2 de outubro de 1869, em Porbandar, na Índia, nascia o hindu Mohandas Karamchand Gandhi. Formou-se em Direito na “University College”, em Londres. Em 1891, partiu para a África do Sul, onde viveu com esposa e filhos e atuou, por mais de 20 anos, como advogado. Uma vida confortável, concorda? Mas, ao invés de parar e dar-se por satisfeito, aí começou sua história.
Em setembro de 1906, o Governo desejava registrar a população hindu, que se recusou e, em consequência, foi detida e condenada a dois meses de trabalho duro. Esta, entrou em greve, que somou um número alarmante de 50 mil operários e fez com que o governo britânico cedesse, validasse os casamentos, perdoasse os débitos e concedesse mais liberdade ao povo.
Libertar a Índia, de maneira pacífica, do governo britânico virou o foco de Gandhi que, anos depois (1915), já na sua terra natal, iniciou oficialmente uma luta para conscientizar hindus e muçulmanos. A pressão britânica aumentou, e fez com que, em 1920, ele iniciasse uma campanha de alcance nacional, realizando viagens com o intuito de conscientizar o povo a não colaborar com o governo britânico.
Em 1928, o número de indianos que não pagava os impostos britânicos era grande. O movimento, iniciado e liderado por Gandhi, aumentava e o governo europeu começou a se preocupar. A reação? Violência, execuções e prisão para os que protestavam. A resposta? Mais protestos pacíficos. Nenhum envolvido na causa deveria responder com violência.
Gandhi organizou uma marcha que levou quase 60 mil indianos à beira-mar, onde recolheram a água salgada em bacias, produziram e venderam o próprio sal, o que era proibido. Como resultado, foi preso. As cadeias ficaram superlotadas com a prisão de quase 100 mil hindus apoiadores da causa.
Gandhi, então, foi convidado a uma reunião de onde nasceu o pacto “Irwin-Gandhi” que estabeleceu o cancelamento do movimento de Desobediência Civil; libertação dos prisioneiros; permissão para produção de sal; participação do partido do Congresso Nacional Indiano nas mesas de negociação. Este foi um divisor de águas.
Gandhi prosseguiu com sua jornada não violenta pela liberdade do país. Até que, em 1942, foi preso novamente, junto com vários líderes da revolução. O protesto veio em forma de jejum. Somente Mahatma Gandhi sobreviveu. A pressão de Gandhi e diversas ações em conjunto com líderes locais, continuaram e em 1947 os ingleses decidiram, então, sair da índia. Durante a luta, Gandhi ficou preso por 6 anos, no total.
Neste mesmo período, hindus e muçulmanos guerrearam durante um ano e meio, o que culminou na morte de mais de 500 mil pessoas. A cada surto de violência, Gandhi realizava outro jejum, em favor da união entre as comunidades. Interrompia o jejum quando o surto passava. Os hindus temiam causar a morte dele e os muçulmanos temiam as represálias. A paz prevalecia.
No dia 30 de janeiro de 1948, após o fim de um jejum de 5 dias, Gandhi foi assassinado pelo hindu Nathuram Vinayak Godse, no jardim de sua casa, onde estava sendo realizada uma grande reunião de orações. Acredite: Godse matou Gandhi porque era contra a tolerância religiosa pregada por ele. Seu último pedido foi que o assassino não fosse punido. Mas não foi respeitado.
Gandhi era extremamente espiritualizado e pregava o respeito entre as religiões. Leu, dentre outros, o alcorão e a bíblia, e dizia que aprendeu sobre respeito às religiões com os seus pais. Do hinduísmo e de religiões correlatas, pois seus pais o levava ao haveli, bem como aos templos de Shiva e Rama. Muitos monges jainistas os visitavam com frequência e discutiam vários assuntos de cunho religioso ou não. Seu pai também tinha muitos amigos devotos do islamismo e zoroastrismo.
Já adulto, tanto em Londres quanto na África, teve contato com cristãos de diferente denominações. Na África do Sul, em 1906, fez os votos de brahmacharya, o que implicava em celibato e castidade, renúncia a prazeres e posses (aparigraha), e o princípio da não-violência (ahiṃsā). Mas, não fazer diferença entre as pessoas e respeitá-las, já estava em sua natureza. “A prece é a maior das forças agregadoras, contribuindo para a solidariedade e a igualdade da família humana. Se alguém consegue unir-se a Deus olhará para todos como para si mesmo.”, disse ele.
Gandhi sempre frisou que o ser humano deveria crescer em compaixão e autocontrole. Estes fatos ensinam que, se conhecermos à fundo a religião da outra pessoa, passaremos a respeitá-la. Conhecimento é crescimento. Também, ressalta-se o fato que deve-se tirar o melhor de cada crença para sua própria evolução espiritual, focando-se na espiritualidade e não na religião. Existe um ditado popular que diz: “a religião é um rótulo”. No fundo, todos estão buscando as mesmas coisas: amor e felicidade. E cada religião ensina isso de uma maneira. Não julgue as pessoas.
Ele doava roupas aos pobres, e lutava pelos direitos destes. Para ele, “A pobreza é a pior forma de violência”, já que causa muitas mortes. Gandhi acreditava que, se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não haveria pobreza no mundo.
Gandhi pregava a capacidade de respeitar os outros, independente do que o outro fizesse, já que, somos todos um. Isso não significa que você deva concordar com tudo que o outro diz. Mas, o respeito é fundamental. Agredir um outro ser, humano ou não, significaria, consequentemente, agredir a si mesmo. Por isso, era vegetariano.
“É apropriado oferecer resistência e atacar um sistema, mas oferecer resistência e atacar seu autor é equivalente a oferecer resistência e atacar a si próprio. Pois somos todos farinha do mesmo saco, e filhos do mesmo Criador, e portanto os poderes divinos em nós são infinitos. Menosprezar um único ser humano é menosprezar aqueles poderes, e assim prejudicar não apenas aquele ser, mas também o mundo inteiro”, ressaltou ele.
Os jejuns de Gandhi em sua luta contra as guerras, são a maior prova de resiliência, amor ao próximo e tolerância. Ele arriscava, assim, sua vida e saúde em prol das causas em que acreditava. E isso deu resultado: a Inglaterra se retirou, e, até hoje, Gandhi serve de exemplo e inspiração a todos que falam sobre amor e respeito, independente da religião que siga. Por isso, Gandhi é um dos símbolos da luta pelos Direitos Humanos.
Se você tem uma causa e acredita nela, lute pacificamente por ela. Ame a todos como a ti mesmo, porque, no fundo, eles e você são um só. Busque conhecimento e expanda sua consciência. Use seu conhecimento para ajudar o máximo de pessoas possível. Seja grato e Ame, como Gandhi.
Namastê
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