Thamilly Rozendo

Amor pra mim é como café: não poder ser morno, precisa ser quente.

Imagem de capa: doodko, Shutterstock

Eu sinto falta de toda a nossa magia e de como tudo era tão bonito logo no início. Eu sinto falta dos seus abraços na chegada e dos seus beijos na despedida. Eu queria acreditar que tudo está exatamente como antes e que houve mudanças e evoluções entre nós. Mas esse amor, que antes era furacão, hoje virou tempestade.

Eu queria estar errada quando sinto que está tudo diferente entre a gente e queria que fosse verdade quando você me dissesse que está tudo bem. Enganos e mais enganos e nós estamos nos afundando. Eu queria os seus anseios novamente, seus elogios inesperados e aqueles bilhetes colocados no meio de um livro velho, ou na porta do meu guarda-roupa novo. Eu queria sentir que ainda somos dois inteiros e não metades. Queria ver o nosso amor sendo par e não ímpar. Achei ser loucura, achei ser saudade, achei ser falta ou exagero. Tentei encontrar respostas, mas as incógnitas permaneciam ali me torturando.

Achei que, talvez, se eu mudasse o corte de cabelo ou comprasse uma roupa nova, fizesse a sua sobremesa preferida, as coisas iram se acertar, as coisas iriam mudar. Enganos e mais enganos e nós estamos afundando. Eu sei que o amor tem dessas de não ser mais novidade depois de um tempo, mas é aí que a sua essência mora. É continuar achando o outro interessante, mesmo que a novidade desapareça, que o corte de cabelo do primeiro encontro cresça e que as palavras “linda” e “bonita” tornem-se chamamentos, em vez de adjetivos. Eu sei que o amor é isso, uma espécie de vício: quanto mais se tem, mais se quer. Por isso eu quero muito de nós. E já não me acho tão errada em pensar assim. Já não acho mais loucura querer um amor nesse ritmo bagunçado.

Não tem essa de esfriar, de se esquecer de elogiar, porque eu já sei o quanto você me acha bonita. Não tem essa de não sair mais, porque já conhecemos muitos lugares, ou de deixar as coisas como estão, porque, sei lá, “está bom assim”. Não exijo de você atenção o tempo todo, isso já é loucura, só volte a me mandar mensagens inesperadas dizendo que pensou em mim quando viu meu chocolate favorito no mercado. Só não deixe de dizer o quanto meu pijama velho combina com o meu mau humor matinal e como eu fico linda quando estou brava.

Só não deixe de elogiar minhas receitas, mesmo que esteja faltando sal ou que eu tenha exagerado no açúcar. Não deixe de comprar um ingresso daquele filme que eu pedi que você assistisse comigo e de deslizar seus dedos em minhas mãos, como quem quer prestar atenção no filme, mas também quer dar carinho. Eu lhe peço que não deixe de me beijar na testa enquanto esperamos o elevador e de me dar um beijo na bochecha quando eu escolher o lanche do cardápio. De roubar beijos e sorrisos e de me esmagar com seus abraços. Só não deixe de me amar por pouca coisa, ou de achar que já está tudo ganho entre nós.

Nós não precisamos nos afundar, nós precisamos ganhar um ao outro todos os dias. Amor, para mim, é feito café: não poder ser morno, precisa ser quente.

Thamilly Rozendo

Estudante de psicologia, apaixonada por artes, música e poesia. Não dispensa um sorvete e adora um pastel de feira com muito requeijão, mesmo sendo intolerante a lactose. Tem pavor de borboletas, principalmente as no estômago.

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