Analfabetismo emocional: a negligência com as emoções e a falta de empatia

A palavra emoção tem a sua origem no verbo “mover”, que significa tudo que nos movimenta e que nos motiva a fazer algo ou tomar alguma atitude. Os seres humanos são entes emotivos, ou seja, são mais do que um sistema de competência linguística, produtiva, matemática e tecnológica.

Mas, as nossas dimensões emocionais ainda são negligenciadas, porque mostrar emoções é visto como sinal de fraqueza. Aliás, não há como negar que as emoções atuam de maneira ativa no campo da memória, da atenção e do raciocínio.

Além disso, as nossas emoções estão conectadas com o nosso sistema cognitivo, todavia quando reprimidas vão tensionar o coração e enfraquecer o sistema imunológico. As pesquisas neurológicas indicam que partes do cérebro são responsáveis por funções fisiológicas, que intervêm em nossas emoções.

Então, precisamos ser mais atentos com os indicadores de saúde emocional, pois eles apontam a nossa capacidade de administrar a vida e nos ensinam a mudar o nosso humor. Apesar disso, o analfabetismo emocional é uma realidade, visto que existem pessoas competentes e diplomadas, contudo, possuem uma gestão emocional desastrosa.

Nesse sentido, o analfabetismo emocional é uma tragédia, que contribui para produzir: distorções do pensamento, narcisismo e obsessão por ter razão, que revela ausência de recursos psicossociais para gerir a tristeza, a ansiedade, o medo, a raiva, etc., tornando os sujeitos mais vulneráveis às psicopatologias.

Assim, o analfabetismo emocional também contribui para o surgimento de outras doenças. Porém, o modo de lidar com as emoções dependem de cada indivíduo, alguns buscam terapia, outros canalizam em atividades físicas e têm os que conversam com os seus amigos, a fim de aliviar as emoções negativas.

A verdade é que as nossas emoções são poderosas, já que quando estamos de bom humor as coisas fluem com leveza e sempre que eclode o mau humor ficamos azedos. Em outras palavras, as emoções negativas aborrecem a vida e as positivas, entre elas: ânimo, afeto, alegria, entusiasmo, esperança e gratidão nos tornam gentis conosco e com os demais.

No entanto, a falta de empatia evidência a nossa indiferença com as pessoas, que não pertencem ao nosso círculo de relacionamentos. Não é por acaso que determinados líderes de diversos setores explicitam antipatia com seus colaboradores, mostrando dificuldades de entender as emoções dos outros e de que existem perspectivas diferentes das suas.

Para o professor Marc Brackett, doutor em Psicologia da Universidade Yale, a inteligência emocional “significa reconhecer emoções em outras pessoas e em si mesmo; compreender as causas e etiquetar essas emoções; ter uma linguagem para expressar e descrever emoções e, por último, regular esses sentimentos”.

Portanto, é fundamental tratar as crianças com empatia em todos os ambientes, principalmente, na família e na escola para que elas aprendam a desenvolver a inteligência emocional, dessa forma se tornarão adultos e líderes capazes de entender que as emoções têm o seu tempo e o seu lugar, e que não há como fugir delas.

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Foto Pexels







Jackson César Buonocore Sociólogo e Psicanalista