Por Patrícia Pinheiro

Ambos concordamos que estava na hora de colocar um fim ao relacionamento. Sabemos quais são os motivos e, ao mesmo tempo, não. Sabemos que somos extremamente jovens e que é um pouco assustador pensar no futuro imaginando a possibilidade de não termos vivido outras coisas; não termos conhecido o cheiro de outros corpos; não termos decorado as manias de outro alguém. Sabemos que é necessário que cresçamos, que possamos descobrir nosso lugar no mundo, lutar pelos nossos objetivos e nos conhecermos individualmente, para, assim, estarmos prontos para qualquer relacionamento definitivo.

Mas, quando me perguntam os motivos pelos quais terminamos – ou quando eu mesma me faço essa pergunta – apenas seu sorriso capaz de curar qualquer dor do mundo vem à minha mente. É o seu abraço quentinho que invade sorrateiramente meus pensamentos; as nossas gargalhadas originadas das coisas mais bobas; a nossa capacidade de nos comunicarmos apenas com o olhar; a amizade e a cumplicidade que é sentida e confirmada através da paz profunda que eu sinto a cada vez que estou contigo.

Olho para os lados, e lá está você, presente em cada pequenina coisa: nas músicas que ouço e que aprendemos juntos, palavra por palavra; nos lugares que frequento que já abrigaram nossas mãos dadas; no seu hábito de dormir de bruços que todas as camas que já dividimos tão bem conhecem, e que hoje também é meu.

Aos que dizem que é melhor assim alegando que relacionamentos estáveis só causam dor de cabeça e atrasam nossas vidas, eu dedico toda a minha pena. Mesmo tão jovens, acho que fomos sortudos e interessados o suficiente para construir algo que muitos parecem não mais encontrar: um amor tranquilo; cúmplice, amigo; atento; preocupado. Desejamos profundamente a felicidade um do outro, e é por isso que, independentemente do que a vida nos reserve, carregaremos sempre com muito orgulho cada partezinha da nossa história, cada descoberta que fizemos juntos e tudo aquilo que, como fruto da união de dois seres inteiros, a vida nos permitiu chamar de “nosso”.

Agora, desejo apenas que não coloquemos metas e expectativas, que possamos viver o presente de forma intensa e verdadeira, seguindo nossos corações e buscando aperfeiçoamento e realização em tudo aquilo que almejarmos. Desejo que meus olhos sempre continuem a se encher de lágrimas a cada vez que a ideia da possibilidade de não ficarmos juntos passar pela minha cabeça, pois isso prova que, desde que aqueles dois pré adolescentes assustados e curiosos se encontraram e decidiram caminhar juntos, tudo o que vivemos foi lindo e verdadeiro. E dizem que o primeiro amor é assim mesmo, mas eu já perdi as contas de quantas vezes te amei.

Patrícia Pinheiro

Patrícia Pinheiro tem 25 anos, é natural de Santa Maria - RS, morando em Florianópolis -SC. É formada em Psicologia e amante das palavras. Poeta e escritora, compartilha seu trabalho em suas redes sociais e é colunista do site Conti outra.

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