O mar está cheio
Há cardumes de peixe e gente
Há barcos com peso demais
Há mulheres, crianças, jovens e velhos,
Que não conseguem chegar à margem.
E os homens que não aprenderam a nadar
Esperam em terra
Com escudos e cassetetes
O mar está triste
Seu sal são lágrimas da agonia
De mães e pais que nadaram
Para longe do caís,
Afogando-se juntos aos seus em alto mar.
E os homens que não aprenderam a nadar
Esperam em terra
Com escudos e cassetetes
Homens, para que essa proteção?
Do mar, poucos sairão inteiros.
Tantos olhos foram se fechando
Enquanto eram observados pelos peixes entristecidos
Que não lhes podiam doar as nadadeiras.
E os homens que não aprenderam a nadar
São comandados
Por quem finaliza acordos e conchavos
Com aqueles que só se interessam
Em ganhar com o fogo do Mundo.