Por Marcela Picanço

Existem algumas pessoas que se esquecem durante a vida. Não completamente, a ponto de não gostarem delas mesmas, mas de esquecer o que elas realmente querem ser. Elas podem e devem mudar de opinião e de sonhos várias vezes, mas não os abandonar por insegurança. Ser o tipo de pessoa de que se esquece é quando colocamos aquele sonho que almejamos trancado tão lá no fundo, que não nos lembramos mais de que ele existe. Mas ele não desaparece. Ele vem à tona justamente na pior hora. Ou não. Às vezes, com sorte, ele pode aparecer na hora certa de mudar, de chutar o balde e de resolvermos ser aquilo que sempre quisermos ser.

Fotografia Hannes Kilian

Hoje, as pessoas buscam motivações voltadas apenas para o dinheiro. E eu não julgo as pessoas que querem ter bastante dinheiro, para nunca ter dor de cabeça na hora de pagar as contas, de viajar quando e por quanto tempo quiserem. O problema é que, nessa vida, uma coisa vai se sobrepondo à outra e o que parecia sonho passa a ser um bem descartável que não leva à realização pessoal. Por isso, todo mundo parece sempre tão frustrado com tudo. Estão sempre reclamando do que são, do que fazem e do que poderiam ter feito. E o problema é que, quando essas pessoas percebem que não estão no caminho de que gostariam, quando o seu sonho volta, nem sempre elas têm coragem de encará-lo. Sempre estão muito velhas, muito cansadas, muito acomodadas para mudar e seguir em frente. Elas estão sempre com medo de que não dê certo. Mas isso não é covardia, é apenas humano, assim como é humana a capacidade de mudança e de adaptação.  Por isso, eu acho que, por mais difícil que seja, mudar por si mesmo, para se sentir melhor, nunca é desperdício de nada, muito menos de tempo.

Existem tantos, mas tantos talentos perdidos por aí, que não somos nem capazes de imaginar. Se todos fizessem o que gostam como profissão ou como hobby, o mundo seria mais feliz. E, com certeza, existiriam ainda todos os empregos. O que muitos chamariam de loucura ou idealismo, na verdade, pode ser o mais belo exemplo de sanidade.

Se o que impede a mudança é o medo de falhar e de sofrer, lembrem-se de que o sofrimento é inevitável. Então, que soframos seguindo nossos sonhos.

Outra coisa que deixa qualquer pessoa insegura é o fato de ela amar aquilo, mas não se achar boa o suficiente. Ou até se achar boa o suficiente, mas não o bastante para subir na vida com aquilo. Mas ninguém, nem a pessoa mais talentosa do mundo, sobe e fica no topo, se não houver muito treinamento, técnica, batalha, humildade, perseverança e muita, mas muita vontade. Posso até estar enganada, mas acredito que, quando se deseja muito algo e quando se faz o que ama, existe a probabilidade de ser o melhor do mundo. E, cá para nós, não é uma probabilidade baixa.

Marcela Picanço

Atriz, roteirista, formada em comunicação social e autora do Blog De Repente dá Certo. Pira em artes e tecnologia e acredita que as histórias são as coisas mais valiosas que temos.

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