Quando percebi, já dormi. E dormi tão profundamente que mal me lembro o que sonhei. Mas, lembro de estar triste e virando de um lado para o outro na cama, sem conseguir encontrar qualquer vestígio de tranquilidade que pudesse me fazer adormecer. Já parece tão distante, são imagens borradas que custam a ficarem nítidas de novo.
Será que também faz parte do sonho? Do sonho o qual já não me lembro mais? Os minutos que antecedem um sono inquieto são secos, silenciosos. Mas quando acorda. Ah, quando acorda… tudo é tão movimentado, e há tantas possibilidades, e o que existiu antes já não aperta mais. Existe um suspiro, existe uma lembrança mal formulada, existe até uma desorientação, mas não existe mais o desespero.
A cama voltou a ser macia e o travesseiro agora torna a ser abraçado. Não há mais o que temer, e para que temer quando tudo é tão incerto, afinal? Dentre sonos agitados e lágrimas molhando o lençol, há também a janela em cima da cama que seca o tecido, e deixa o ar entrar e limpar todos os restos de uma noite mal vivida.
E quando amanhece, encontro as paredes brancas, querendo ser escritas, querendo ser papéis de uma história qualquer.
Imagem de capa: Leszek Glasner/shutterstock
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