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Embora tenhamos claro que a felicidade é uma construção diária, muitas vezes perdemos momentos únicos planejando-a. O tempo faz pressões para que sejamos tudo ao mesmo tempo agora e, em vez de saborearmos o hoje, escolhemos viver o amanhã. A arte de ser feliz deve ser focada em pequenos instantes. Ainda que sejam passageiros, é onde residem as melhores e mais sinceras experiências.
A vida não pode ser uma sucessão de obrigações e boletos a pagar. É importante abraçarmos cada sensação, como se fosse a primeira e a última de nossas vidas. Contemplar o novo, revisitar o gasto e criar o oportuno. Precisamos de mais coragem para sermos inteiros. Nada de esperarmos que a vida nos preencha lacunas. É nossa responsabilidade reconhecermos o querer primeiro. É afundar os pés na areia, sentir o cheiro da chuva no fim da tarde, comer algo com prazer, compartilhar mãos com quem se quer estar. Já que somos efêmeros, nada mais justo que apoiarmos a nossa própria felicidade o quanto pudermos, em qualquer lugar que estivermos.
Existe graça, leveza e virtude no amor derramado sem porquês. Sejamos artistas ao tratarmos dos nossos sorrisos. Sejamos acrobatas ao riscarmos infelicidades e maldades daqueles que não somam. Deixemos de lado os medos passados e, sem mais delongas, atentemos para um presente intrínseco. Egoísmo é querermos fazer adiamentos de uma paz possível para todos. Não se joga com afetos e liberdades. Só os ignorantes carregam descasos e saltam os olhos para o outro.
Banhemo-nos em gratidão. A felicidade é para ser urgente e inteira. Tenhamos pressa porque, antes que os próximos instantes alcancem a finitude futura, temos todo um espaço concebido por grandiosidades, doçuras e outras gotas mais de viver.