Imagem de capa: Vasilyev Alexandr, Shutterstock
Quando der meia noite do primeiro dia do ano novo, não custa nada a gente lembrar que para muitos de nós aqui nessa terra do Hemisfério Sul, chamada Brasil, ainda serão 23 horas do último dia do ano velho.
É… pois é! Na prática, de acordo com o Senhor Relógio, isso significa que, enquanto para uns já será dia 1 de janeiro de 2017, para outros ainda será 31 de dezembro de 2016.
E se levarmos em conta nossos amigos australianos, por exemplo, enquanto estamos aqui a pular ondinhas, a comer sementes de romã e a guardar folhinhas de louro na carteira, eles – os australianos -, já tiveram 12 horas inteirinhas para inaugurar o ano novo.
E sabe o que isso quer dizer?! Nada! Absolutamente nada! É apenas mais um dia que se vai e outro dia que se apresenta. Os ponteiros não têm sentimentos, não lastimam nossas horas perdidas em tristezas, nem comemoram nossas horas coroadas de alegrias. Os ponteiros apenas fazem a sua tarefa, indiferentes aos nossos planos, sonhos ou receios.
A boa notícia sobre o final de um ano e começo do outro é que assim como não podem parar, nem adiantar o tempo, os ponteiros do relógio, esses danadinhos também não têm o poder de nos fazer voltar para trás! Ufa! Isso sim é que é algo que vale a rolha do vinho borbulhante estourada à meia noite. Isso sim vale todo nosso empenho em acreditar que o dia 1 de janeiro tem poderes mágicos.
E a magia está na nossa incrível capacidade de sobreviver aos temporais, às calmarias e aos períodos de seca. A magia está na nossa disposição em oferecer todo nosso esforço na iniciativa e na “acabativa” de fazer dar certo.
Então… façamos um exercício mental, afetivo e filosófico aqui. Supondo que aparecesse agora bem na sua frente um ser com reais poderes e lhe dissesse que toda a sua sorte estará protegida no próximo ano. Mas, lhe apresentasse, em troca desse presente inestimável, uma única condição: para que você ganhe essa aura de proteção, precisa aprender a fazer escolhas.
E a lição começaria da seguinte forma: o que você escolheria como as 10 coisas absolutamente indispensáveis para levar consigo na mala para 2017?
Difícil, hein?! Eu que tenho dificuldades para arrumar uma mochila de fim de semana na praia, estaria diante de uma belíssima “sinuca de bico”!
Mas me disponho a tentar. Ainda que seja a título de estabelecer para minha própria pessoa algum parâmetro acerca daquilo que é de fato importante naquilo que eu poderia chamar de “nova vida”!
Vamos lá! Coragem! O que fará parte da minha bagagem serão as coisas que brotarem espontânea e livremente no meu coração.
1. Alegria. Alegria é aquela coisa que mais se parece com a farinha para fazer o pão. Sem farinha, não há pão. Sem alegria, não há motivos para sair da cama. Então, minha primeira escolha para compor a bagagem para 2017 é ser alegre! Ainda que eu passe por alguns perrengues e alguma tristezinha insista em me visitar, hei de me lembrar que esta foi a primeira palavra que em veio à mente quando pensei em fazer planos para o futuro.
2. Disciplina. Disciplina é aquela mãe amorosa que nunca se esquece de nos lembrar sobre quais são as nossas reais prioridades. E tudo bem que, de começo, ela precise me lembrar apenas de que eu não posso nunca, em hipótese alguma, desistir de mim. Que eu tenha a força de vontade necessária e justa para merecer o que pretendo conquistar.
3. Amor. Amor é aquela coisa que é o mais parecido possível com um filtro solar. Amor protege a gente de tudo o que é ruim, no meio daquilo que é bom. Entendeu?! Eu explico… Na hora que a gente se aborrece, a ponto de perder a compostura com alguém querido, por exemplo. Nessa hora é o amor que nos ajuda a respirar fundo, baixar a voz e elevar a bondade. Assim, em vez de gritar com o outro, a gente silencia e dá um tempo para o ”bem querer”, querer voltar.
4. Generosidade. Essa é aquela coisa que faz a gente conseguir oferecer aquilo que será preciso dividir; e, não, aquilo que está sobrando. Generosidade é a disposição em ser feliz com a felicidade alheia. Ahhhh… definitivamente, não posso viver sem isso.
5. Paciência. É a expansão do coração, até que atinja o raciocínio. É ser capaz de fazer parar um caminhão sem freios numa descida escorregadia. É a transformação da precipitação em garoa fina, do vendaval em brisa. É a única forma de ter paz, aqui dentro e lá fora!
6. Serenidade. A maior conquista que se pode ter sobre a tentação de agir por impulso. É o equilíbrio diante do caos. A beleza de não ser manipulado pelas agressões e injustiças alheias. Uma vez experimentada, a serenidade torna-se algo absolutamente indispensável, vital à harmonia, consigo mesmo e com o resto do mundo.
7. Leveza. A libertação sobre o hábito de carregar nas costas, pesos absolutamente dispensáveis; coisas tais como o perfeccionismo, a arrogância e o materialismo. Estas são pedrinhas capazes de nos fazer sofrer e magoar os outros. Hei de deixá-las ir. E ganharei em troca uma alma leve. Leve e livre.
8. Verdade. Essa maravilhosa capacidade de abrir mão de situações ilusórias e pequenas mentiras. Compreender que disfarces e fantasias são jeitos tolos de vivermos enganados. Recolher no peito apenas o que for realmente genuíno, puro e verdadeiro. E, assim, redimensionar a vida em honra aos sonhos possíveis e aos planos que nos façam ser pessoas melhores de fato.
9. Confiança. Poder olhar no espelho e ter orgulho do que se vê além daquilo que constitui apenas o invólucro físico. Ver através dos próprios olhos, uma pessoa com quem se pode contar, a quem se pode confiar a própria vida; não para que se disponha dela, mas para que se possa partilhá-la.
10. Flexibilidade. Puxa vida, que força tem essa palavra. Simplesmente porque sem ela, não há como fazer escolhas. Não há como acolher o outro que pensa diferente de nós. Não há como oferecer espaço às benditas e necessárias transformações, sejam elas grandes ou singelas.
Olho agora com imenso amor para minha pequena mala, cuja bagagem não representa nem uma única peça que possa ser pesada ou medida. Levo comigo apenas o imensurável e recebo o ano novo com o coração tranquilo e o peito repleto de coragem; porque sem coragem os sonhos são apenas sementes jogadas ao vento.