Uma vez, não lembro onde nem com quem, fizeram uma brincadeira interessante e provocadora, que até hoje me faz pensar. Era algo do tipo: Se você só pudesse escolher três. Três roupas, três músicas, três amigos (essa é a pior), três alimentos. Nessa pergunta dos alimentos, respondi instantaneamente: – Coco, milho e aipim. Todos riram. No final das gargalhadas, veio a pergunta? – Por quê?
Então me justifiquei dizendo que era o que prometia mais misturas boas.
E desde então venho me dando conta de que queremos muito, demais, o mundo, mas só podemos escolher poucas coisas para que a mistura nos agrade e seja boa.
É perda de tempo e energia escolher e se agarrar ao que não se pode dar conta, levar consigo antagonismos, controvérsias, paradoxos, discursos previamente estudados, antipatias, implicâncias… o cardápio é infinito, mas de digestão impossível.
A vida é riquíssima em variedades e é extremamente saudável experimentar e combinar, mas reconheçamos que nem tudo dá certo e nem todos se encaixam. É importante buscar as melhores combinações, fazer a vida fluir de forma mais natural. Um grupo de amigos só é um grupo de amigos porque as combinações são maiores do que as desavenças. O afeto é maior do que as diferenças de qualquer ordem. Uma profissão só representa uma boa escolha se os ganhos – quaisquer de sejam – forem mais expressivos do que as frustações, embora elas existam.
Um amor a dois só sobrevive se o que une for maior do que o que pode separar.
As escolhas podem dar um tom nas combinações, muitas vezes certeiras, outras, equivocadas. Essa é a nossa batalha diária. Escolher pelo sucesso das escolhas. Ninguém quer perder, nem devolver, nem voltar a atrás.
Se na brincadeira tudo valia, para a vida é recomendável um pouco mais de reflexão. As possibilidades podem ser infinitas, mas as escolhas são particulares.
Humor, afeto, paladares, perspectivas, sonhos, ambições, relações, crenças… Não são somente três coisas a escolher, contudo, se não combinarem entre si, a brincadeira não terminará bem.