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As montanhas não são grandes, nós é que somos muito pequenos!

A linha do horizonte nos convida à sensação de infinito, a ilusão do mar sem fim, da grandiosidade e terra que jamais conheceremos. Como visão romântica, é perfeita, talvez a melhor delas.

Mas até a linha do infinito esbarra em um porção de terra em algum momento. As distâncias podem ser imensas, mas alcançáveis e sujeitas à nossa conquista.

Somos pequenos diante de tanta matéria, por isso achamos tudo enorme e fabuloso. Nos assustamos com nossa fragilidade, e inventamos maneiras de nos fortalecer e superar as dificuldades.

Conquistamos montanhas, atravessamos mares, suportamos frio e tempestades, mas ainda não inventamos uma maneira de crescer perante as dificuldades da vida, as que não envolvem pedras nem marés, mas sim aquelas de efeito mais destruidor e poder de fogo mais envolvente e danoso.

Somos pequenos para pedir perdão, menores ainda para perdoar.
Somos mínimos para guardar um passado com lembranças enormes, então passamos a vida expelindo os efeitos desse passado nos outros, queiram eles ou não.

Somos enormes para julgar, monstruosos para condenar, inabaláveis para reconsiderar, inalcançáveis para nos retratar.
E as montanhas que são grandes? Pedras, somente pedras, alheias à nossa vaidade, seguem formando muralhas e desfiladeiros, mas sempre permitindo serem conquistadas.

Ah, se a sensação de fazer as pazes com alguém afastado trouxesse a mesma adrenalina de uma escalada ou da velocidade de um barca rasgando as ondas. Somos pequenos porque não sabemos o que é realmente grande na vida.

A linha do horizonte é realmente gigante, se buscamos as respostas para as questões que nos afligem no final dela.
As montanhas são intransponíveis se as encararmos somente na cara e na coragem.

Mas para tudo há meios e métodos. Até mesmo para as almas raquíticas e mal alimentadas de amor e compreensão.

As montanhas não são tão grandes assim, nós é que somos pequenos demais…

Emilia Freire

Administradora, dona de casa e da própria vida, gateira, escreve com muito prazer e pretende somente se (des)cobrir com palavras. As ditas, as escritas, as cantadas e até as caladas.

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