O filme “As vantagens de ser invisível”, baseado em livro homônimo de Stephen Chbosky (em inglês “The perks of being a wallflower”), narra as pequenas (porém grandes) batalhas diárias de um adolescente que ao sentir-se invisível, deseja inclusão. A maneira leve como temas importantes são abordados é cativante, apesar de aparentemente tratarem-se de problemas simples enfrentados na adolescência, como fazer novos amigos, pertencer à um grupo e até um primeiro amor, o filme aborda ainda temas mais complexos, como traição, preconceito, morte, abuso sexual e distúrbios mentais.
Talvez as mensagens mais importantes do filme venham de um sentimento de “não pertencimento” e dos questionamentos feitos pelo protagonista, Charlie, enquanto observa quanto esforço é feito por muitos nessa ânsia de “pertencer”. O menino, que se sente invisível e excluído, encontra refúgio emocional em um grupo de amigos igualmente deslocados.
Charlie, em sua maneira “deslocada” de olhar a vida encontra dificuldade em entender porque pessoas tão especiais escolhem amores tão fragmentados. Ele não compreende, por exemplo, o que sua melhor amiga Sam (por quem ele se apaixona) vê no namorado, um cara que a trata tão mal. A própria Sam se faz o mesmo questionamento: “Por que eu, e todos quem eu amo, escolhem pessoas que as tratam como se fossem nada?”.
O menino resolve então perguntar ao seu professor de literatura, a resposta que ele lhe dá é certeira, ainda que complexa na prática:
“Charlie, nós aceitamos o amor que achamos que merecemos.”
A beleza do filme está justamente na maneira invisível como Charlie caminha perante a vida, em simples entendimentos do óbvio que, na atualidade, tornou-se não-óbvio, como a lógica da matemática do amar e ser amado, que parece ter transformado-se em uma equação de subtração e não de adição.
O filme aborda, ainda que sutilmente, um tema que é fundamental para todo e qualquer ser: a necessidade de pertencimento. Pertencer é uma necessidade básica de todos e por trás de nossas escolhas e ações existe uma busca em sermos aceitos e reconhecidos, uma busca por inclusão. E talvez também, a maioria das brigas e desavenças da humanidade surjam quando não nos sentimos incluídos, ouvidos, contemplados. Pois até na revolta ou no isolamento existe uma vontade, mesmo que escondida, de pertencimento.
E assim um dos maiores desafios do ser humano, enquanto ser único e irrepetível, está justamente em encontrar esse equilíbrio entre pertencer, sem perder sua essência, sem perder-se. Porque a beleza existe na autenticidade e nas diferenças e não na mesmice. Portanto, algumas perguntas, não feitas pelos personagens, também surgiram através da leitura do filme:
Por que é preciso perder-se para poder pertencer?
Por que precisamos deixar adormecidas, camufladas, mascaradas partes tão essenciais de quem somos para tornarmos visíveis ao olhar do outro? Quantos amores fragmentados devemos aceitar para sermos amados?
Qual é o limite da barganha?
As perguntas ficam sem respostas, porque as respostas, como sabemos, são muito diferentes e pessoais. Mas, é bom lembrar, como diz o título do filme, em algumas circunstâncias, ser invisível pode sim ter muitas vantagens.
Imagem de capa: Reprodução
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