É complexo para algumas pessoas entenderem, embora pra mim faça total sentido. Apesar de ter uma companhia, uma parceria ou um relacionamento que me impeça de viver em solidão, eu tenho alguns sentimentos solitários que só eu consigo entender.
Eu sei, você se pergunta como me sentir dessa forma é possível e te respondo que às vezes não sei a resposta. Mas ao mesmo tempo, existe sentido nos meus devaneios, no meu nó na garganta de pensamentos e emoções que acabam crescendo sozinhas, sem a companhia e autorização de alguém. Vamos dizer que são independentes da minha pessoa estar ou não com alguém. Não vejo nada disso como loucura, mas esse incômodo que sofro sozinho, às vezes em silêncio, às vezes literalmente só em casa, são os momentos mais verdadeiros que eu poderia viver.
Entenda: estar apenas comigo é um vínculo como nenhum outro. Talvez seja quando eu mais me entenda e me confunda, mas eu sei que é meu, que é honesto e que eu não posso fugir. Quando preciso atravessar tantas correntes emocionais contando apenas comigo, é quase sabendo ser uma jornada sem volta mas que mais me ensina do que me prende. É o momento de respeitar a minha pessoa, a minha história, a minha totalidade. Eu sou pertencimento dentro dos meus sentimentos solitários, sabe?
Dividi-los com alguém, quem quer que seja, ajuda. Não é mentira que não ajuda, pois ajuda realmente. Mas é diferente. Porque trilhar o caminho de solidão interna requer coragem. Requer uma força descomunal que às vezes te arranca da zona de conforto e te faz mudar tudo que você pensa e sente de lugar no coração. Faxina geral, entende?
Eu não sei o porquê, mas sei que negar as minhas pausas solitárias é lutar contra o meu próprio amor. Eu mereço mais, logo essa necessidade de enfrentar os sentimentos que me deixam nessa imensidão solitária em vez de fechar os olhos e achar que vai passar, que vai ficar tudo bem se eu ignorar. Não é assim que alguém amadurece.
No processo por vezes dolorido para descobrir quem eu sou, algumas lamentações ficam jogadas no chão. Outras eu recolho e levo adiante. De qualquer maneira, viver alguns instantes solitários não é nada comparado a levar uma vida inteira negando que é não preciso sangrar para crescer. Coração forjado no fogo traz, pelo menos pra mim, um outro tipo de sensibilidade. É assim que eu termino transbordando os meus melhores lados: conhecendo profundamente os meus piores e mais melancólicos.
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