Marcel Camargo

Atração física não basta, tem que haver atração mental

Algumas pessoas nos atraem, de primeira, somente pela aparência, sem nem sabermos explicar o porquê direito. É a chamada atração física, que, muitas vezes, aproxima as pessoas, de início, para aventuras iniciais. No entanto, caso o físico não nos revele uma essência interessante, o relacionamento não dura, não se sustenta.

Embora, hoje, as aparências e superficialidades sejam supervalorizadas, em meio à rapidez que permeia todos os setores de nossas vidas, tornando-nos como que robôs ligados no modo automático, na maioria das vezes insensíveis, não existe relacionamento capaz de sobreviver somente pautado sobre a materialidade. Se sobreviver, será aos pedaços, desconexo, inverídico.

Viver não é fácil, ainda mais com as dificuldades que crescem a cada dia, ou seja, sem que tenhamos alguém que nos receba com verdade e transparência, ao final do dia, tudo ficará pior. Os pesos de fora então se acumularão aos que nos aguardarão no lar, onde o amor não estará. Ou ficamos com a nossa própria companhia, ou com alguém que nos seja recíproco, porque, ao menos em nosso tempo livre, teremos que nos distanciar do que é falso, vazio e irreal.

Conviver com alguém requer entrega, partilha, sinceridade, o que não se sustenta sob aparências e frivolidades. Atração física pode até servir para a aproximação, porém, o que faz o amor durar é exatamente o que não se vê, o que é de dentro, íntimo e pessoal. Somente quem se desnuda para além do corpo é capaz de se entregar e de receber sentimentos verdadeiros. A superficialidade é como um muro que barra o que vem de dentro.

O corpo envelhece, a pele enruga, os cabelos vão ficando brancos, a força física se esvai aos poucos, porém, sentimentos verdadeiros e recíprocos permanecem acesos e renovados a cada amanhecer. No final de nossas vidas, o sexo já não fará diferença alguma, mas sim as conversas entre nós e a pessoa amada. E é assim que o amor fica. E é assim que o para sempre não acaba.

Imagem de capa: wavebreakmedia/shutterstock

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

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