Muita gente confunde desejo com amor, paixão com amor, apego com amor. Enfim, são tantas confusões, que o tesão é, muitas vezes, entendido com o verbo amar.

O beijo pode de fato ser bom, a pegada arrancar suspiros, mas isso não é, em si, amor, o desejo faz parte do amar, mas não resume o que é de fato amor.

Amor é muito mais do que beijos, abraços, aquele friozinho na barriga, é muito mais que desejo. Mas deixe eu explicar melhor isso. O começo de um relacionamento é, geralmente, movido pela paixão; tudo é novidade, tudo é bom ao lado desse alguém – os abraços tornam-se calorosos, o beijo chega a pegar fogo e a gente se vê diante de tanto desejo e acha que aquilo é amor.

Pode ser que você tenha conhecido alguém e, ao sentir aquele “fogo todo” (risos), achou que estava amando. O lado sexual pode falar mais alto do que o emocional, muitas vezes ultrapassando os limites da nossa razão e adentrando na impulsividade, na busca pela satisfação daquilo que nos consome: o desejo.

Mas isso não é amor; isso porque o amor é muito mais companheirismo e realidade do que fantasia. Amor é muito mais sereno e calmo do que aquela tempestade toda causada pela paixão. Amar alguém vai muito além de beijos, abraços e sexo; amar alguém é amizade, respeito e cuidado. É estar ali com o outro quando ele não está bem e hoje não deseja ser tocado, não quer se aventurar em suas paixões, mas apenas quer o seu ouvido para escutar como foi o seu dia cansado.

É quando o outro deseja não o seu corpo e o seu toque, mas o seu ombro amigo para chorar e dizer o quanto tem sido difícil aguentar as pancadas da vida. Em um relacionamento, desejar o outro, admirá-lo e achá-lo interessante é, sim, muito importante, mas não podemos resumir isso a amor, afinal, esse sentimento nobre é construído sobre bases mais sólidas, como a realidade, as dificuldades e a paciência.

Por isso, quem apenas deseja não consegue suportar as tempestades do outro, não consegue driblar as dificuldades e permanecer junto; quem apenas sente fogo não sabe ser calmaria. Então, da mesma forma que não podemos confundir apego com amor, não podemos cair na cilada de acreditar que tesão é amor. De achar que, porque o sorriso nos atrai, o olhar nos desmonta e o toque nos balança, isso é amor.

Eu costumo dizer que amar está para além das aparências e, por mais que você ame o sorriso, o perfume e o jeito do outro abraçar, há muito mais coisas que fazem você amar esse alguém. É saber que, mesmo você estando com o seu pijama mais velho e descabelada, esse alguém ama a sua presença e continua a escolhendo todos os dias, estando você bem ou não, estando você com problemas ou não.

Amor não é uma questão apenas de desejo, é uma questão de escolher todos os dias o outro. O tesão é passageiro e você pode sentir muito bem isso por outro alguém; já o amor, ah, o amor é algo singular, afinal, não se ama duas pessoas ao mesmo tempo.

Imagem de capa:  4 PM production/shutterstock

 

Thamilly Rozendo

Estudante de psicologia, apaixonada por artes, música e poesia. Não dispensa um sorvete e adora um pastel de feira com muito requeijão, mesmo sendo intolerante a lactose. Tem pavor de borboletas, principalmente as no estômago.

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Thamilly Rozendo

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