Mayana Moura, de 38 anos de idade, usou seu perfil no Instagram nesta sexta-feira (21) para fazer um desabafo sobre uma situação complicada vivida por ela ao tentar se vacinar contra a Covid-19. A atriz se encaixa grupo prioritário da vacinação porque tem transtorno bipolar (distúrbio associado a alterações de humor que vão da depressão a episódios de obsessão), e por isso foi até o Jockey Club Brasileiro nesta manhã para tomar a primeira dose da vacina. Chegando lá, entretanto, não foi tão fácil ser vacinada.
Em entrevista à Revista Quem, ela deu detalhes do ocorrido: “A Prefeitura do Rio divulgou que pessoas com doenças psicossociais teriam prioridade no calendário de vacinação. Entre elas estão depressão, bipolaridade tipo 1, que é o meu caso, e esquizofrenia. As principais e mais graves são essas, mas existem outras. Quando cheguei lá, o médico olhou meu laudo e questionou: ‘você é bipolar? Tem esquizofrênico que vem aqui e não é vacinado’. Fiquei chocada! Ele então levou meu laudo lá para dentro alegando que precisava checar. Checou umas duas vezes e depois disse: ‘você pode tomar’. Achei triste porque a pessoa que tem doença psicossocial passa por uma situação desnecessária. Por que divulgaram então? Quem tem doença mental já tem um estigma. E também gera muita expectativa”.
De acordo com Mayana, o post no Instagram teve o intuito de conscientizar as pessoas que também sofrem de doença psicossocial sobre seus direitos. “Só fiz o post para informar. Desde sempre falei da minha condição e da importância de quem sofre com doença mental de tomar remédio e se tratar. A doença mental foi banalizada e é grave, precisa de medicação, às vezes até de hospitalização. As pessoas ficam muito desacreditadas, não sabem informar”, explicou.
Mayana também fez questão de esclarecer como as pessoas que têm doença psicossocial devem agir quando chegarem ao posto para tomar a vacina. “A Prefeitura do Rio incluiu doença psicossocial na lista de ‘Deficiência’ e não na lista de ‘Comorbidades’. Não confundam… Porque vão querer dizer para vocês que vocês não estão na lista de ‘Comorbidades’. E não estão mesmo, estão na de ‘Deficiência’. Na porta estava uma confusão! Ninguém parece ter certeza de nada! De todo jeito, saiba os seus direitos. Consiga o máximo de informação possível e vá!”, disse.
A atriz relata ter sido diagnosticada com bipolaridade tipo 1 aos 34 anos. “Desde então, não fico sem remédio e acompanhamento médico. Tanto que nunca mais tive nenhuma crise. Não tem cura o que tenho, mas com a medicação e a terapia, tenho uma vida normal. Terei que tomar remédio para o resto da vida. E faço terapia duas vezes na semana. Fiquei muito feliz que fui vacinada. Meu marido é francês e sabia que em Paris doença psicossocial é do grupo prioritário. Resolvi enfrentar isso de peito aberto porque acho que posso ajudar as pessoas. Meu desejo é poder contribuir para que as pessoas se tratem, levem a sério os tratamentos, tomem os remédios e possam ter uma vida normal. É importante as pessoas saberem dos seus direitos”, finalizou.
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Redação Conti Outra, com informações de Revista Quem.
Foto destacada: Reprdução/Instagram.