JORNALISMO

Atriz suspeita de golpe milionário contra a mãe falece ao cair de prédio na Zona Sul do Rio

A atriz Sabine Boghici, de 49 anos, que enfrentou acusações de cometer um sofisticado golpe financeiro contra sua própria mãe, faleceu nesta quinta-feira (14) após cair do quinto andar de um edifício localizado na área nobre da Lagoa, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Após o incidente, equipes de resgate prontamente atenderam à cena e a transportaram em estado gravíssimo para o Hospital Municipal Miguel Couto. No entanto, conforme divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, Sabine não resistiu aos ferimentos e veio a óbito.

O caso agora está sob investigação das autoridades policiais, especificamente a 15ª Delegacia de Polícia, localizada no bairro da Gávea.

\Sabine Boghici — Foto: Reprodução

A atriz havia sido detida em agosto do ano passado, mas posteriormente obtido liberdade provisória em março deste ano. Ela era herdeira de um dos maiores colecionadores de arte do país, o romeno Jean Boghici.

A vida de Sabine foi marcada por sérios desafios de ordem psicológica, incluindo episódios de depressão, ansiedade e crises de pânico desde a adolescência. Em suas redes sociais, ela compartilhava imagens com animais e apoiava ativamente iniciativas de adoção e doação de animais.

Segundo as autoridades policiais, Sabine Boghici foi acusada de roubar 16 obras de arte do acervo de seu falecido pai, incluindo peças valiosas de artistas renomados, como Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti, sendo que pelo menos duas dessas obras foram recuperadas na Argentina.

Jean Boghici, o pai de Sabine, era um marchand que faleceu em 1º de junho de 2015, aos 87 anos. Ele nasceu na Romênia em 1928 e chegou ao Brasil clandestinamente em 1948, em um navio francês, após anos de fuga ao lado de amigos judeus. Jean era um dos pioneiros no mercado de arte brasileiro e possuía um acervo considerado um dos mais importantes do Brasil no século 20. Em 2012, uma tragédia se abateu sobre sua coleção, quando parte dela foi destruída em um incêndio que ocorreu em seu apartamento, incluindo a obra que nomeou a operação policial no caso: “Sol Poente”, de Tarsila do Amaral.

Além disso, o acervo continha obras de Di Cavalcanti, Brecheret, Guignard, Vicente do Rego Monteiro, Rubens Gerchman, Antonio Dias, Calder, Lucio Fontana, Morandi, Kandinsky, Max Bill e outros 70 artistas. Seis meses após o incêndio de 2012, cerca de 140 peças da coleção foram destacadas nas primeiras exposições do Museu de Arte do Rio (MAR).

O colecionador de arte Jean Boghici participa pela segunda vez da ArtRio — Foto: Mylène Neno/G1

O golpe elaborado por Sabine contra sua mãe envolveu uma trama complexa que resultou em enormes prejuízos estimados em R$ 725 milhões, conforme a própria vítima relatou. A Polícia Civil do Rio de Janeiro afirmou que Sabine concebeu minuciosamente o plano no início de 2020. O esquema começou com a contratação de uma mulher para abordar sua mãe na rua, alegando que havia uma morte iminente na família, especificamente a da própria filha.

Essa suposta vidente, posteriormente, conduziu a idosa a outras duas cúmplices, que se apresentaram como cartomante e mãe de santo, corroborando a previsão e recomendando à vítima que pagasse por um “trabalho espiritual” para salvar a vida de sua filha.

Aterrorizada, a mãe compartilhou essas informações com Sabine, que então prosseguiu com a farsa, fingindo desespero e implorando à mãe que realizasse o suposto trabalho espiritual. A mãe, preocupada com a segurança de sua filha, obedeceu às demandas e fez pagamentos que totalizaram R$ 5 milhões em um intervalo de 15 dias.

Sabine Boghici — Foto: Reprodução

Após o início do “tratamento espiritual”, Sabine passou a isolar a mãe dentro de sua própria casa, afastando funcionários e prestadores de serviços domésticos. No entanto, em fevereiro, a mãe de Sabine começou a desconfiar da relação entre a filha e as supostas videntes, interrompendo os repasses financeiros. Foi então que Sabine começou a agredir e ameaçar sua própria mãe, que só percebeu o verdadeiro propósito do plano nesse momento.

A vítima calcula que os danos sofridos totalizam R$ 725 milhões, incluindo o roubo de 16 quadros estimados em R$ 709 milhões, joias no valor de R$ 6 milhões, pagamentos feitos pelos “trabalhos espirituais” no montante de R$ 5 milhões e transferências financeiras realizadas sob coação no valor de R$ 4 milhões.

***
Redação Conti Outra, com informações do g1.
Foto de capa: Reprodução/Redes sociais

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