Atrofia intelectual : a nossa grande geração perdida

A gente sofre por muitas coisas, pensar é uma delas, dói pensar, chego até a admitir que a ignorância seja uma prática saudável nos dias de hoje diante de tanta alienação e indiferença da sociedade.

Nunca houve uma sociedade tão hedonista e narcisista, a busca pelo prazer desenfreável e a necessidade de parecer belo, ser admirado e cortejado de forma constante por uma massa anônima e sempre ávida por novidade e futilidades.

Somos carentes. Jamais iremos admitir, mas nos sentimos sozinho e queremos a apreciação pública, não pelo que somos, mas pelo que temos e aparentamos. Por isso usamos a nossa imagem, como produto, agora mais do que nunca, para atrair a atenção alheia.

Estamos viciados em redes socais, em publicações e postagens, em fotos, em selfies, em mostrar aos outros o que fazemos, a onde estamos, com que estamos, nosso vocabulário está cada vez mais pobre, palavras repetidas, poucos de nós sabemos nos expressar, falta conteúdo, informação e conhecimento.

Nunca tivemos tanta informação e nunca fomos tão pobres de cultura como somos agora.

Nunca vi uma sociedade tão indiferente a cultura, a arte, a política, nossas músicas, em sua maioria, as que fazem sucesso, são de péssima qualidade, mas nos fazem balançar o corpo e atrofiar a mente, mas quem quer mesmo pensar? Só queremos nos divertir. Isso nos basta.

Nossa atuação política é mirrada, nosso interesse por causa socais e coletivas é pouca, nossa vontade de mudar o mundo, menor. Os poucos que somos, somos loucos.

Estamos distraídos, como disse Mário Sérgio Cortella.

Tudo acontece, mas preferimos as vitrines das redes sociais para expor a nossa vida, nos tornamos produtos de consumo, no dizer Bauman, as pessoas consomem as vidas umas das outras, naquilo que chamaria de cultura banal ou inútil.

Como cantou Caetano Veloso, “eu quero aproximar o meu cantar vagabundo, daqueles que velam pela alegria do mundo”, aos que ainda desejam um mundo melhor, escrevo e solto meu pensamento.

Malhamos o corpo, mas secamos a mente, numa verdadeira atrofia intelectual.

Foto de Pj Accetturo em Unsplash

Ronaldo Magella

Ronaldo Magella é da Paraíba, Santa Luzia, professor, jornalista, radialista, cronista, poeta, já publicou três livros de crônicas e tem participação em outras cinco antologias literárias. Formado em Jornalismo e Letras pela Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, PB. Solitário e tomador de café, gosta da vida pelo improviso, se cansa da monotonia, e brinca com o tédio escrevendo.

Recent Posts

Tire as crianças da sala antes de dar o play nesta série cheia de segundas intenções na Netflix

Uma série perfeita para maratonar em um fim de semana, com uma taça de vinho…

1 dia ago

Você não vai encontrar outro filme mais tenso e envolvente do que este na Netflix

Alerta Lobo ( Le Chant du Loup , 2019) é um thriller tenso e envolvente…

2 dias ago

Trem turístico promete ligar RJ e MG com belas paisagens a partir de 2025

Uma nova atração turística promete movimentar o turismo nas divisas entre o Rio de Janeiro…

2 dias ago

Panetone também altera bafômetro e causa polêmica entre motoristas

O Detran de Goiás (Detran-GO) divulgou uma informação curiosa que tem gerado discussão nas redes…

2 dias ago

Homem com maior QI do mundo diz ter uma resposta para o que acontece após a morte

Christopher Michael Langan, cujo QI é superior ao de Albert Einstein e ao de Stephen…

2 dias ago

Novo filme da Netflix retrata uma inspiradora história real que poucos conhecem

O filme, que já figura entre os pré-selecionados do Oscar 2025 em duas categorias, reúne…

2 dias ago