Imagem de capa: Alena Ozerova/shutterstock
Vixe Maria! Quando eu era mais jovem, eu me considerava um problema. Como era possível um ser vivo como eu sempre me apaixonar pela pessoa errada, sempre a primeira a pegar qualquer virose “da moda”, a filha que dá problema na escola, a lunática que esquece coisas, a distraída que faz o caminho errado, a tonta que fica na fila mais longa, etc.
Minha vida comigo mesmo era um grande inferno. E que trabalho eu me dava para deixar tudo em paz do lado de fora era cansativo demais, mas estava tão acostumada que nem percebia.
Convivi com uma baixa auto-estima ferrenha por muito tempo acompanhada por culpa (de fazer tudo errado sempre) e claro, uma carência e falta de compreensão (dos outros, quando na verdade era de mim comigo mesma). Tinha um buraco negro e dolorido dentro de mim e nem sabia! Achava que era normal e pensava “que seres estranhos como eu que fazem tudo errado” devem carregar este peso na alma pelo resto da vida.
Se o papo espiritual-esotérico me servia como fuga (afinal, pensar que no céu tinham anjos que me amavam incondicionalmente), o tantra (filosofia) foi uma injeção de realidade nua e crua. Bem ralamente falando, chegaram ideias “místicas” de se colocar em prática, em experiência cotidianas: você tem que estar feliz com você, você que deve se amar, você vive a sua vida como quiser. A mente é uma prisão. A meditação é a libertação e o amor (muito mal interpretado por séculos) é a cura para tudo. Não encha o saco de ninguém e toque seu barco.
Se você sofre é por sua causa. Se você está feliz é por sua causa. Ninguém é responsável, somente você e sozinho. Você é o inferno e o paraíso também.
Foi esta filosofia, junto a muitos outros livros, por anos, vivendo cada dia como um convite para “colocar em prática as teorias” que aprendi a sentir a pulsão da minha vida e a ouvir meu coração. Diferente de antes, onde eu não me entendia, nem me aceitava como eu era e muito menos compreendia os porquês “de tudo errado”, passei a me enxergar com alegria, compreensão e, consequentemente, passei a ouvir e ver o que me faz bem. Levei luz ao buraco negro da alma, coloquei a música para dançar e fui.
A partir disso, comecei a fazer escolhas feitas baseadas no meu coração, onde os por quês deixaram de ter importância. Quando uma escolha é feita com a alma, a gente segue sem culpa, sem medo, sem dúvida. A certeza aparece no silêncio entre cada respiração. A inspiração do ar sustenta os pensamentos e as ações.
Pode ser uma escolha que lá na frente você até se machuque, mas você não é mais vítima de si mesmo, nem do destino e muito menos dos outros, e sim, você encontrou com sua maturidade que diz em alto e bom som: escolhi este caminho para viver isto e aprender com isto independente de onde isto me levará.
É um entrega. Rendição e porque não, uma pequena morte. Se o fim de uma escolha “é bom ou ruim”, “do mal ou do bem” isso não tem valor algum no coração. Ele é inteiro e não polarizado. Em todas as escolhas feitas com o coração há aprendizados essenciais para cada indivíduo.
Quando você alinha sua mente com o coração, não há mais ideias para seguir, nem turmas a pertencer, e muito menos moralidade sociais. A sua verdade é concreta e simples. Você é seu mestre. Você é seu melhor amigo. Você é seu guia pela vida. Se neste caminho, pessoas seguirem ao seu lado, pode ter certeza que são encontros cósmicos, bençãos em sua vida.
A vida vira uma grande orquestra sinfônica, pessoas e cenários vão e vêm. Quem deixa de viver para criar histórias a seu respeito, você já sabe! Continuam parados sem perceberem a belíssima música que toca em seus corações, porque quem está vivendo e dançando, não tem tempo nem interesse em criticar outros, apenas se alia com quem surge em seu caminho…
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