Imagem de capa: Natalya Danko
Viver na dúvida, entregue às fantasias e interpretações de sinais imperceptíveis e questionáveis. É o que fazemos na maioria das vezes, temendo que a realidade nos decepcione e destrua os sonhos caprichosamente alimentados.
Preferimos montar o cenário e inserir o amor lá dentro, ainda que por vezes não combine com a proposta. Preferimos decorar a realidade a encará-la sem pintura.
Bem me quer, mal me quer. Não me interessa saber a categoria do querer, se construí um castelo indestrutível para o amor que tanto sonhei. E, se for preciso, manipularei as pétalas para que me mostrem o resultado que espero.
Uma pena que a vida não funcione desta maneira. As pétalas frágeis podem ser arrancadas e escondidas, mas ainda mais frágeis e sem estrutura, são as ilusões.
Elas fazem o papel de analgésico muitas vezes, por não suportarmos a dor da indiferença ou do desamor, mas não conseguem nos sustentar por muito tempo.
É preciso deixar as ilusões partirem, levando as portas, janelas e jardins do castelo construído, deixando tudo descoberto e à vista, para entender por onde começa a reconstrução.
Querer não é poder. Querer é só metade da força para uma construção. Tem um outro lado que também precisa querer e oferecer seus esforços para coisa funcionar.
Se nos deparamos com o “não me quer”, por mais que doa e decepcione, não haverá ilusão ou sonho ou vontade que transforme o terreno baldio em um lugar bom para se viver.
Sonhar é gostoso. Conforta, dá esperanças, boas ideias, sugere o futuro. Mas sonhar por dois, depositar esperanças, tempo e vontade em um projeto solitário, é doloroso e decepcionante.
Nesse caso, ao invés de consultar as pétalas, melhor é deixar as flores vivas e inteiras, e aprender a lidar com o “não me quer” sem transformá-lo em “mal me quer”.
O bem me quer logo chegará!
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