No mês de novembro existe o famoso “Black Friday”, dia no qual supostamente os preços são irresistíveis e as promoções são imperdíveis.
Estava refletindo sobre o porquê de esse dia (no caso do Brasil é o mês todo) ser tão badalado. Falar sobre isso dá pano pra manga. Já adianto que esse pequeno texto está longe de encerrar as argumentações e aprofundamentos possíveis.
Em minha opinião, o sucesso do Black Friday se dá porque as pessoas nunca estiveram tão infelizes e afastadas do seu centro interior. Sempre reitero nos meus textos que a felicidade não é algo que vem de fora, não é algo que cai do céu. Ela sempre esteve e está dentro de nós mesmos, só precisa ser desvelada, ou seja, precisa ser retirado o véu que nós mesmos colocamos.
Lembrei de uma frase maravilhosa de um escritor americano que gosto muito e se encaixa perfeitamente no que quero dizer.
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“Pessoas saudáveis e felizes não sentem que precisam de muita coisa que já não tenham, e isso significa que elas não compram um monte de porcarias, não precisam de tanto entretenimento e acabam não assistindo a tantos comerciais…”.
David Cain
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Se observarmos os bens materiais que temos e de fato formos honestos, poderemos concluir que muitas vezes compramos coisas das quais não precisamos. Aqui lembro o conceito de necessidade. Algo é necessário quando não podemos deixar de ter, o que podemos deixar de ter pode ser algo secundário ou pode até ser algo supérfluo.
Existem estudos científicos que comprovam que nossas necessidades básicas precisam ser satisfeitas para que possamos ser felizes: alimentação, moradia, roupas, horas de descanso, acesso à saúde, transporte, educação etc.
Tudo isso tem custos, obviamente. No entanto, chega um momento que há uma espécie de estagnação da curva ascendente de felicidade. E ainda mais interessante! Se a pessoa atinge um alto patamar financeiro e passa a acumular bens materiais, a curva passa a cair gradativamente. Aos que quiserem ler mais a respeito, deixo o link de artigo logo abaixo, que traz inclusive uma visão mais psicológica e médica sobre a compulsão por compras.
Link: Quanto mais dinheiro, mais felicidade talvez seja a maior mentira do capitalismo
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Voltando às palavras do David, agora fica mais fácil entender porque as pessoas felizes sentem que não precisam de mais coisas do que já tem, porque elas sabem que comprar mais vai gerar um looping de infelicidade.
Com essa simplicidade no viver, uma série de vantagens advém, como menos tranqueiras dentro de casa, menos contas a pagar, menor preocupação de ser roubado, menor despertar da inveja dos outros, mais tempo disponível para se dedicar a outras atividades que não seja fazer compras etc. etc.
Com esse maior tempo disponível, quem é feliz não vai ficar perdendo tempo vendo comercias ou os entretenimentos maçantes da TV aberta! Lembre-se da máxima: “Tempo é vida. Cada minuto do seu tempo é um minuto a menos da sua existência”. Essa frase é milenar, por isso afirmo que não dá pra saber a sua autoria.
Repito! Tempo é vida! Essa ideia simples me norteia todos os dias e quero lhe instigar a pensar com mais carinho sobre essa verdade incontestável…
No meu dia a dia fico observando as pessoas se endividarem cada vez mais e sem perceberem que estão sendo massa de manobra de uma sociedade capitalista selvagem, que só pensa em lucros e dividendos. Elas criam um inferno em suas vidas. Perceba o ciclo vicioso: Trabalham para comprar o que desejam. Depois compram e se endividam. Precisam trabalhar mais, fazer muitas horas extras para pagar as dívidas. Nisso deixam de viver experiências incríveis com a família ou os amigos para se dedicarem ao trabalho. Assim ficam mais infelizes, por vezes até adoecem. Precisam gastar parte do que ganham com remédios para recuperar a saúde. Com a saúde recuperada começa tudo outra vez…
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“Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer… e morrem como se nunca tivessem vivido”
Dalai Lama
Que tal seguirmos o conselho do Dalai Lama e vivermos o presente com verdadeira presença? Certamente você já ouviu ou leu que o presente só é chamado de presente porque é uma dádiva preciosa. Porém, para a maioria das pessoas, parece que se ouvem, entra por um ouvido e sai pelo outro ou se leem o fazem de forma mecânica. Será que você não está lendo esse texto de uma forma mecânica também? hehe
Fica essa reflexão sobre o Black Friday e minha vontade de levar você a refletir sobre o que realmente mais necessitamos na vida para que ela seja feliz e plena. Algo me diz que nada supera a simplicidade.
“A simplicidade é o grau mais elevado de sofisticação”
Leonardo da Vinci
Concluo deixando um dos melhores vídeos que já assisti sobre a simplicidade, que a meu ver é o único antídoto para o consumismo, que no fundo é o tema central de tudo que escrevi nesse texto!