A boxeadora argelina Imane Khelif garantiu sua vaga na final da divisão meio-médio feminino de 66kg nas Olimpíadas de Paris 2024, em meio a uma controvérsia sobre sua elegibilidade para competir. Com uma vitória unânime sobre a tailandesa Janjaem Suwannapheng na semifinal realizada em 6 de agosto, Khelif assegurou pelo menos uma medalha de prata, e agora se prepara para enfrentar a chinesa Yang Liu na disputa pela medalha de ouro.
Khelif, de 25 anos, tem sido o centro de um debate acalorado desde que foi desclassificada do Campeonato Mundial de 2023 após falhar em um teste de elegibilidade de gênero não especificado. Mesmo assim, a atleta manteve sua determinação e, após sua vitória na semifinal, fez uma declaração desafiadora à mídia: “Não me importo com o que estão dizendo sobre mim em relação à controvérsia. Tudo que importa para mim é que eu mantenha meu nível e dê ao meu povo a performance que eles merecem. Sei que sou uma pessoa talentosa e isto é um presente para todos os argelinos.”
A luta ocorreu na icônica Quadra Phillippe-Chatrier, em Roland Garros, onde Khelif foi fortemente apoiada por uma torcida composta majoritariamente por argelinos, que agitavam bandeiras e entoavam seu nome em coro.
A polêmica em torno da participação de Khelif remonta à sua desclassificação no Campeonato Mundial de 2023, junto com a boxeadora taiwanesa Lin Yu-ting, que também está competindo nas Olimpíadas de Paris, sob a bandeira de Taipei Chinês. Na época, o presidente da Associação Internacional de Boxe (IBA), Umar Kremlev, alegou que testes haviam “provado” que ambas as atletas possuíam cromossomos XY. No entanto, é importante ressaltar que a IBA teve suas credenciais olímpicas retiradas há cinco anos, e o Comitê Olímpico tem dado suporte à elegibilidade de Khelif, afirmando que “toda pessoa tem o direito de praticar esportes sem discriminação”.
O debate ganhou ainda mais intensidade após a luta de Khelif contra a italiana Angela Carini, que terminou de forma surpreendente em apenas 46 segundos, quando Carini jogou a toalha. Em uma tentativa de defender a filha da controvérsia, o pai de Khelif, Omar Khelif, apareceu na emissora de TV francesa BFMTV, onde exibiu a certidão de nascimento de Imane para comprovar que ela nasceu mulher.
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 marcam a primeira vez em um século que a capital francesa sedia o evento, e a final do meio-médio feminino de 66kg entre Khelif e Liu, marcada para o dia 9 de agosto, promete atrair grande atenção, não apenas por seu valor esportivo, mas também pelo debate contínuo sobre a participação de Khelif.