Uma brasileira de 60 anos, autora do livro “Aventuras de Mochila”, viveu uma experiência desagradável ao ter sua hospedagem negada em um hostel na cidade de Bruxelas, na Bélgica. Marcia Reis, a viajante em questão, foi informada na recepção que o estabelecimento só aceitava hóspedes de até 40 anos. A situação foi classificada por Marcia como uma clara demonstração de etarismo.
“Fui surpreendida. Foi a primeira vez que passei por uma situação assim”, relatou Marcia Reis. A brasileira teve que deixar o local após ser informada das restrições de idade do hostel, que já estava previamente pago. “Eu não me atentei que aqui nesse hostel não recebe gente com mais de 40 anos. Então a coroa mochileira aqui não pode ficar no hostel porque ela tem 60 e eles só recebem até 40. Já estava pago. Tive que solicitar o cancelamento. A menina vai cancelar para mim”, lamentou Marcia.
Marcia mantém um perfil no Instagram onde compartilha suas viagens pelo Brasil e pelo exterior. Segundo o Metrópoles, desde março, ela tem registrado sua passagem por diversos países da Europa, incluindo França, Itália, Inglaterra, Albânia, Bósnia-Herzegovina, Eslovênia e Bélgica.
“E agora eu tenho que sair à caça de um novo hostel, porque eu não me atentei a essa observação na hora de reservar. Não foi culpa deles. Eu não olhei, porque está em letras miúdas, lá no final. Agora eu me ferrei. Tenho que caçar outro”, explicou Marcia.
Em suas redes sociais, Marcia falou sobre o etarismo, ressaltando que a discriminação por idade é um tema que merece mais atenção. “Muito se fala sobre a discriminação de raça, credo e gênero, mas pouco é falado sobre a discriminação pela idade. Foi um choque para essa mochileira que defende a estadia em hostel para todas as pessoas. Mas não é só em hospedagem que isso acontece. Já fiz trilhas onde o ritmo do guia era ditado pelos mais jovens, e que eram a minoria no grupo”, lembrou a escritora.
Marcia aproveitou a oportunidade para alertar sobre a necessidade de tratar o etarismo com mais relevância. “A população está envelhecendo sim, mas cada dia com mais saúde e disposição para se lançar nos mais diversos desafios, sejam físicos ou profissionais. Pessoas com mais de 50 anos iniciando uma nova profissão, uma faculdade, ou se lançando na estrada para realizar o sonho de conhecer o mundo, ou tudo que seu tempo neste plano permitir. Um assunto que devemos começar a pensar e tratar com mais relevância”, ressaltou.
No Brasil, o etarismo em hotéis e albergues tem sido alvo de críticas e levou à criação de um projeto de lei em 2023, proposto pelos deputados Marcos Tavares (PDT-RJ) e Daniel Agrobom (PL-GO). O projeto institui o Programa Nacional de Prevenção ao Etarismo, definindo o etarismo como “preconceito, a intolerância ou a discriminação contra pessoas ou grupos em razão da idade” e propondo medidas como campanhas de conscientização, disponibilização de profissionais de psicologia e psiquiatria para vítimas de etarismo, além de atendimento jurídico e orientacional gratuitos.
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