Uma coisa que sempre me intrigou, é como as pessoas reagem, como as pessoas funcionam quando não estão sendo olhadas, quando estão sozinhas. Nós, seres humanos, somos criaturas complicadas, complexas e por isso mesmo, nem sempre somos tão coerentes, mesmo sem nos darmos conta disso.
Explico melhor. Quero dizer que muitas das vezes, pensamos de uma forma, temos uma opinião bem fundamentada no campo das ideias, mas quando chega o momento de colocá-las em ação, colocá-las de fato em prática, deixamos a desejar.
Não se engane, isso acontece com os melhores de nós em algum momento das nossas vidas. Mas, uma vez que nos damos conta disso, é importante tentar coordenar de forma mais saudável aquilo que pensamos com aquilo que fazemos, buscar aquela famosa coerência que sempre perseguimos, o abismo que é desejar ser uma pessoa melhor e de fato sê-la. Mas é um caminho que cada um de nós deve trilhar, um caminho que é feito sozinho, afinal ninguém poderá fazê-lo pela gente.
Eu sei que isso não é tarefa fácil, apesar de ser simples. É simples, porque é possível colocar em prática, se nós quisermos e estivermos comprometidos, sempre é possível mudar. Mas esse processo é difícil, porque qualquer processo de mudança requer esforço e fazer uma mudança de hábitos, substituir um hábito negativo por um positivo, leva tempo, é uma maratona e não uma corrida.
Infelizmente, nem todas as pessoas estão interessadas ou querem de fato efetuar uma mudança substancial em suas vidas. Tem gente que pensa que está bem como está e não vê necessidade disso. Outras acham que os outros que devem se adequar a ela, ao seu temperamento e entender que elas são assim mesmo.
Sinceramente, qualquer coisa que funcione pra você. Porque esse tipo de decisão e responsabilidade de assumir o preço das suas próprias escolhas, sejam boas ou ruins, faz parte do processo de amadurecimento.
Crescer, não é só ficar grande, trabalhar, dirigir, morar sozinho e acordar a hora que quiser. Acredito que começamos a nos tornar realmente adultos quando começamos a assumir a responsabilidade dos nossos atos, do que a gente faz ou deixa de fazer e aceita os resultados com tranquilidade das nossas escolhas.
Ser adulto é assumir compromissos consigo mesmo e com os outros, é controlar as rédeas da própria vida e compreender que se há algo errado, cabe apenas a nós mudarmos. É parar de inventar desculpas pra si mesmo e para os outros, é parar de se colocar sempre como vítima da situação, o pobre coitado e aceitar a sua parcela de responsabilidade no processo.
Afinal, a colheita sempre vai ser proporcional e coerente ao plantio, ao que você dissemina por aí. E ela é sim o termômetro importante, porque se achamos que estamos fazendo tudo certo, mas as coisas continuam a dar errado uma atrás da outra, sem dúvida estamos fazendo algo errado também.
A vida não erra e traz de volta pra gente o que colocamos no mundo, a mesma energia, o que a gente faz e o que desejamos para o outro. Eu sei que tem gente que não pensa sim e tudo bem também.
Mas acho no mínimo ingênuo centralizar as coisas em si mesmo e achar que se algo está errado, o problema é do mundo, é do outro, do vizinho, do amigo, do namorado, mas menos seu. Tá todo mundo errado e só a gente que tá certo? Tá rolando um complô da humanidade contra gente, uma perseguição cármica?
Não acho que a vida funciona assim, dessa forma injusta, punitiva, parcial. Não mesmo. Eu sempre acho que as coisas que acontecem são para o meu benefício, meu aprendizado, mesmo que eu não goste ou, sejam difíceis.
Às vezes, até demais da conta do suportável. Já fui testada mais vezes do que gostaria de contar, já passei por situações que pensei que não conseguiria sobrepô-las, que não conseguiria seguir em frente.
Mas por mais doessem e algumas doeram demais, mantive esse pensamento em mente, que tudo acontece para o meu bem, que não há nenhuma conspiração cósmica contra mim e ninguém querendo me derrubar.
Às vezes, a vida é mais difícil mesmo e temos que criar mecanismos de defesa, ferramentas para conseguir administrar essas situações de uma forma melhor quando se apresentam.
Senão, ficamos presos no lugar de vítimas, correndo atrás do próprio rabo e não achamos culpados nessa busca improdutiva.
Devemos sim, procurar um espelho, porque quando tomamos as rédeas da situação, vemos que cabe apenas a cada um de nós mudarmos o que dá pra ser mudado, aceitar o que não podemos controlar e sabermos interpretar a diferença entre um e outro.
No mais, só nos resta seguir.
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