Durante muito tempo tive grande dificuldade de entender porque tantas pessoas entram e saem das nossas vidas o tempo todo. Hoje, já mais amadurecido, consigo compreender melhor porque isso acontece.
À princípio, essa reflexão pode parecer banal, mas não é. Ela tem a ver com as mudanças próprias que cada pessoa vivencia.
Quero levar você a refletir junto comigo, levando em consideração um ingrediente fundamental que poucos falam, a PAZ.
Todos nós, na infância, vamos para a escola, e a medida que vamos crescendo, nossos amigos vão mudando, vamos experimentando novas coisas. Porém, existe algo impressionante que, uma vez compreendida, nos faz entender como acontece a dinâmica das amizades durante nosso processo evolutivo.
Sempre, sempre nossos amigos são escolhidos por nós através de processos semiconscientes ou inconscientes. Escolhemos nossos semelhantes, quanto mais semelhantes, mais íntima é a amizade.
Aqui está a principal mensagem que quero lhe transmitir hoje. Nada na vida acontece por acaso, quem entra e quem sai do nosso convívio sempre tem algo a nos ensinar, resta a nós compreender o que é e evoluir durante esse processo.
É interessante notar que precisamos ACEITAR tudo que nos acontece em paz e consciência. O processo para nos tornarmos pessoas mais sábias e espiritualizadas tem uma relação intrínseca com quem nos relacionamos.
Quando buscamos verdadeiramente essa espiritualidade, passamos a compreender com mais lucidez quando é hora de ir, de voltar, de seguir, de ficar…
Isso é bem sutil e um pouco difícil de explicar com palavras, vou citar meu próprio exemplo.
Já frequentei grupos religiosos por um tempo e na minha busca espiritual conclui que o melhor a fazer seria me distanciar. Perdi vários amigos! Foi um processo doloroso no começo, mas depois me trouxe uma paz de espírito impressionante.
Não nego o tempo que fiquei por lá, ele foi necessário para mim. Era lá que deveria estar, mas por um tempo limitado.
Muitas pessoas têm dificuldade de entender quando é o tempo de ir, de ficar, de voltar e de partir. Esse discernimento só nos vem com o tempo e o amadurecimento.
O mesmo aconteceu na minha busca profissional. Quando descobri que minha maior vocação não era com pesquisas em Física, também foi um processo doloroso me distanciar de quase todos que conviviam comigo. Mas foi necessário. E hoje sinto uma paz incrível por saber que lá não é o meu lugar.
A maior lei que existe é a lei da atração. Somos seres espirituais em corpos físicos. Nossa energia pessoal, essa energia que brota do nosso interior sempre nos leva para onde devemos estar e com as pessoas que devemos estar por determinado tempo.
A busca pelo autoconhecimento é fundamental, pois nos enche de paz ao passar pelos processos de transição.
Isso pode ser extremamente útil quando se trata de relacionamentos amorosos. Eu mesmo, terminei relacionamentos que eram necessários para meu processo evolutivo. Há pessoas que já conviveram comigo que tenho uma profunda admiração ou até mesmo amor, porém, elas não podem mais estar no meu convívio pessoal, pelo fato de eu estar seguindo um caminho completamente diferente delas.
Eu desejo que você grave essas palavras: Muitas vezes, a maior prova de amor que podemos dar a uma pessoa é não conviver mais com ela.
Espero que você esteja conseguindo entender. Existem pessoas que passam pelas nossas vidas por um tempo determinado, todavia, depois de um tempo não faz mais nenhum sentido ela continuar em nosso convívio. E isso, ao contrário do que pregam, não é um ato egoísta, é um ato de amor. Um amor nutrido pelo sentimento de liberdade.
Por isso que gosto de dizer que o amor só dura em liberdade, pode durar mesmo uma vida inteira.
Precisamos introjetar no mais profundo da nossa mente que o amor, para ser verdadeiro, muitas vezes não precisa do contato físico da outra. Nós somos espíritos, e é dele que brota o amor, não dos nossos corpos.
Há pessoas que amo profundamente e que nunca mais terão contato direto comigo no dia a dia, mas isso não reduz o amor, na realidade o frutifica. Na presença física, muito provavelmente aconteceria o contrário, a perda desse amor genuíno.
Estou escrevendo esse texto com a certeza que nem todos entenderão. É bastante sutil tudo o que estou descrevendo aqui.
Para terminar. Preciso falar sobre os relacionamentos que duram uma vida inteira, como alguns casamentos e amizades.
Em todos eles, isso só é possível quando há uma decisão por aceitar o outro em sua integridade, com todas as qualidades e defeitos, e estar contente com o resultado, contente não no sentido de felicidade, mas no sentido de contentamento, que significa estar alegre e satisfeito.
Só é possível permanecer ao lado de pessoas por toda uma vida quando há comunhão de valores, um respeito pelas diferenças, quando não há nenhum tipo de julgamento nem imposições de verdades individuais.
Por isso que é tão difícil permanecer a vida inteira ao lado de alguém, mas é possível. É preciso um investimento intenso em si mesmo, para superar os limites próprios e buscar cada vez mais a empatia, que é ver os outros sob a perspectiva deles, sentir o que eles sentem.
Esse é um possível caminho para se conviver a vida inteira. Também não posso dizer que é o único. Certamente existem outros caminhos, que deixo como reflexão pessoal.
Lembre-se sempre. Cada pessoa tem um tempo determinado em nossa vida, e a busca pelo autoconhecimento nos dá essa paz para compreender que se trata de um processo natural e absolutamente necessário para uma vida em harmonia…
Imagem de capa: Kichigin/shutterstock
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