Conviver é um prazer, mas também é um grande desafio. Compartilhar momentos, sentimentos, pensamentos e tormentos com os outros é dar um pouco de si esperando receber um pouco em troca. E, como sempre, toda expectativa gera frustração.

As pessoas vão te dizer o que fazer com a sua vida. Vão escolher o melhor emprego pra você, o melhor namorado, o melhor lugar para morar. Escute as opiniões, mas repare bem que todas as frases começam com “eu acho”, “eu penso que”, eu eu eu eu!

Cada um expressa seu ponto de vista baseando-se nas próprias vivências e no que sente em seu interior. A pessoa se coloca no seu lugar, mas a bagagem ainda é toda dela.

Quando você senta de frente pro mar e olha o horizonte, tenha certeza de que todos estão vendo o mesmo oceano, mas a sensação é diferente para cada um. E, como cada um tem a sua percepção, é preciso ter muita cautela para expressar uma opinião a respeito da vida de outrem e, principalmente, muito cuidado ao filtrar os conselhos que recebe.

Quem te diz para procurar um emprego em sua cidade com certeza não tem a coragem de mudar que você sabe que tem. Com certeza nunca viajou e não tem idéia de que o mundo é a casa de infinitas possibilidades – você encontra aquelas que está disposto a encontrar.

Quem te diz para morar com seus pais mesmo e economizar nunca sentiu a liberdade de morar sozinho e ter seu próprio cantinho. Nunca ficou ansioso para receber os amigos para o jantar, lavou a louça com a toalha na cabeça enquanto desligava a panela de pressão, deixou a cópia da chave com o melhor amigo para casos de emergência.

Quem te diz que sua doença não tem cura não conhece as outras medicinas que não as alopatas. Te põe pra baixo e chora com sua enfermidade ao invés de sugerir uma mudança de alimentação e de estilo de vida, para ajudar seu corpo a se recuperar. E, se você se recuperar através de sua própria disciplina e comprometimento, prepare-se para ouvir que foi um milagre.

Quem te julga pela sua religião provavelmente nunca visitou uma igreja diferente, nunca estudou teologia, nunca compreendeu que toda fé é válida, poderosa e capaz de mover montanhas (se preciso for).

Quem te critica por escolher ficar em casa lendo um livro ao invés de sair com os amigos no sábado a noite é alguém que está precisando mais do convívio social do que você no momento e, se ele não respeita a sua decisão de ficar no quarto e adquirir conhecimento, respeite a dele de se divertir.

E, por fim, quando o amor bater à sua porta e todos te disserem para não se jogar, escute seu coração ao invés de qualquer opinião. Se ele bater mais forte quando alguém te abraçar e você sentir que encontrou seu lugar no mundo, esqueça o que te dizem para fazer e siga a sua intuição.

No final da jornada, ao olhar para trás, o que vale na vida são as lembranças e os corações que cativamos e que nos cativaram de volta. São as loucuras que cometemos, as pessoas que conhecemos, os sentimentos que nos permitimos sentir, os desafios que superamos e os que nos deixaram ensinamentos. Cada um de nós tem sua própria bagagem para carregar. Escolha bem quando ouvir um conselho porque, no final, a caminhada é apenas sua, e qualquer dor ou amor que vier dela, será apenas seu também. Aqueles que são próximos à você podem até oferecer uma palavra amiga, mas quem convive com as consequências, com a leveza ou com o peso de cada fardo, é apenas você. Quem deita a cabeça no travesseiro toda noite e faz um balanço de cada escolha do dia, é apenas você. Escolha sempre dormir em paz.

Ana Carolina Faria Bortolo

Turismóloga e Administradora de Novos Negócios por formação. Escritora, pintora e dançarina por vocação. Planejadora de eventos, bartender, agente de viagens e vendedora por profissão. Garçonete de navio por opção. Vi o mundo e voltei, e de todos os rótulos que carrego na bagagem, só um me define bem: sou uma ótima contadora de histórias.

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Ana Carolina Faria Bortolo
Tags: opinião

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