Em uma viagem à Indonésia à procura das melhores ondas para surfar, o cafeicultor e surfista amador Henrique Sloper acabou descobrindo que tem uma “mina de ouro” em sua fazenda, a Camocim, localizada no município capixaba de Domingos Martins, onde ele cultiva 320 hectares de café orgânico e biodinâmico. No país asiático, ele conheceu o Kopi Luwak, um café produzido a partir das fezes da civeta, um mamífero de hábitos noturnos que vive em florestas tropicais. O quilo desse café chega a custar R$ 14 mil.
“Na Camocim, um pássaro selvagem chamado jacu incomodava bastante, comendo os grãos maduros de café e deixando suas fezes no meio da lavoura. Era uma praga e chegamos a pensar em buscar um predador para ele, mas a história da civeta me inspirou a fazer algo com os resíduos do jacu”, relatou Sloper em uma conversa durante a Semana Internacional do Café (SIC), em Belo Horizonte, este mês.
Sloper levou mais de dois anos para chegar à elaboração do café exótico, batizado de Jacu Bird Coffee Bean. Hoje, o jacu ou jacuaçu, ave que lembra um faisão, é um aliado da plantação, “trabalhando” como um selecionador de grãos maduros e como alarme de quando iniciar a colheita.
“Um quilo do café produzido com os resíduos deixados pelo pássaro na lavoura custa R$ 1.100 no Brasil e chega a quase R$ 10 mil no exterior”, diz Sloper.
A prestigiada loja britânica Harrods compra o Jacu Bird Coffee Bean desde 2015, exigindo um certificado que confirma que os pássaros não são confinados para a produção desse grão diferenciado.
Sloper estima a presença de cerca de 200 jacus durante a época de colheita em sua fazenda, enfatizando que são pássaros livres. Um estudo científico realizado na propriedade demonstrou que o jacu consome quase toda a cafeína do grão no processo digestivo, eliminando os grãos inteiros nas fezes.
A produção do Jacu Bird Coffee Bean é limitada, com até 20 quilos de excrementos de jacu colhidos diariamente na fazenda. Esses grãos passam por um processo manual de secagem, classificação e descascamento antes de serem armazenados em câmara fria, aguardando os pedidos, já que a produção é sob encomenda.
Dos 1.200 quilos diários de café torrado em Camocim, de 15 a 20 quilos são do tipo Jacu, exportados para países como Alemanha e Japão, representando menos de 3% do faturamento da fazenda, de acordo com Sloper. A restrição de volume deve depender do apetite dos jacus pelos grãos.
A fazenda Camocim é um exemplo de regeneração de pasto abandonado, cultivando suas 4 mil sacas anuais por meio do sistema de agrofloresta. Sloper destaca a visão sustentável de seu avô, que, ao longo de mais de 60 anos, não utilizou produtos químicos defensivos no solo. A produtividade aumentou com a implementação da agrofloresta, alcançando 35 sacas por hectare.
Henrique Sloper, formado em marketing e com 30 anos de experiência na indústria da moda, nasceu na fazenda do avô e hoje processa, além de sua própria produção, outras 8 mil sacas de café orgânicos de parceiros. A maioria é exportada, principalmente para a Europa, mas o consumo interno no Brasil também tem crescido, especialmente após a conscientização durante a pandemia sobre a qualidade do café.
***
Redação Conti Outra, com informações de O Globo.
Foto destacada: Divulgação.
O entretenimento ao vivo é uma experiência interessante que é útil tanto para iniciantes quanto…
"Eles tiveram uma ótima criação e educação, mas decidi que não seria um favor deixá-los…
O fenômeno explosivo da Netflix que reúne um time de estrelas de peso de Hollywood…
Vitória Chaves da Silva, de 26 anos, faleceu por insuficiência renal dias após ter sido…
Juliana Rangel Aragão, filha adotiva do humorista Renato Aragão, voltou aos holofotes nesta terça-feira (9)…
Um filme tão encantador e ao mesmo tempo tão potente que vai te fazer pensar…