Por María Beatriz Valdívia
Com elevadas formações rochosas, paisagens onduladas, esplêndidos percursos pedestres, cidades subterrâneas misteriosas e igrejas esculpidas na rocha, a Capadócia é um destino obrigatório na Turquia. Localizada a apenas uma hora de distância de avião desde Istambul ou Izmir, acredita-se que o nome provenha do vocábulo hitita Katpadukya (terra de cavalos de raça) ou do persa Katpatuka (“terra de belos cavalos”).
Alguns povos floresceram nesta região, como os Hititas, além de outras civilizações originárias da Europa e da Ásia Menor que deixaram suas marcas. A situação geográfica da Capadócia tornou-a encruzilhada de importantes rotas comerciais ao longo dos séculos e alvo de contínuas invasões. Para se protegerem, os habitantes construíram refúgios subterrâneos, por vezes verdadeiras cidades. Estas cidades têm vários níveis e dispõem de canais de ventilação, cavalariças, padarias, poços de água e tudo o mais necessário para que os seus ocupantes, cujo número podia alcançar os 20 000, pudessem resistir durante vários meses sem que fossem detectados pelos invasores.
A região tem um papel muito especial na tradição cristã. Durante os primeiros anos do cristianismo, a Capadócia foi um terreno fértil para a expansão da nova religião, em parte pela sua proximidade das Sete igrejas da Ásia e de Antioquia, onde Pedro fundou a primeira comunidade cristã. São Paulo efetuou três viagens à Capadócia e muitos dos primeiros cristãos habitavam a região, tendo as cidades subterrâneas sido usadas como refúgio por eles durante as perseguições de que foram alvo durante os séculos II, III e IV. Apesar de o assunto ser controverso, segundo a lenda, São Jorge também teria nascido na região, embora tenha ido para a Palestina, de onde a mãe era originária, ainda em criança. A lenda de São Jorge e do dragão tomou forma na Idade Média, sendo o santo convertido em padroeiro de muitos estados e coroas da Europa, nomeadamente de Aragão, Portugal, Inglaterra e Génova, entre outros. A Cruz de São Jorge ainda hoje está presente nas bandeiras da Geórgia, Inglaterra, Sardenha, Barcelona e Aragão e nos brasões de Génova e Pádua.
Em 1985, o Parque Nacional de Göreme na Capadócia foi declarado Património Mundial pela UNESCO.
Toda a região se encontra num planalto de 1 000 m de altitude, com clima continental caracterizado por verões quentes e secos e invernos frios com neve. A precipitação é esparsa e a maior parte da região é semiárida. A sua paisagem única é o resultado da ação de forças naturais. Há 60 milhões de anos formou-se a cordilheira de Tauro, na Anatólia meridional, ao mesmo tempo em que se formavam os Alpes. A formação daquela cordilheira deu origem a numerosas elevações e depressões na Anatólia central. A atividade dos vulcões da Capadócia cobriu a região de estratos de diferentes densidades. No início do Quaternário, depositaram-se lavas basálticas bastante mais duras.
Sob o efeito do arrefecimento do clima no Quaternário, a crosta basáltica abriu fendas e o solo desagregou-se, permitindo que a água e neve se infiltrassem e acentuassem a erosão, mais acentuada nos estratos mais macios, isolando cones de material mais resistente e escavando vales. Durante os períodos mais secos, foi a erosão dos ventos e da areia por eles levantada que foi mais determinante na modificação da paisagem. Este tipo de erosão é mais notável na superfície dos cones. Quando na parte superior destas elevações existe rocha basáltica, são formadas as chamadas chaminés de fadas, as quais são cones coroados por grandes pedras praticamente planas, que tanto aparecem isoladas, como em grupo, criando paisagens insólitas. Com a continuação do efeito da erosão, os pedestais dos blocos basálticos acabam por colapsar.
As zonas sem basalto deram origem a vales, as zonas de tufo macio desagregaram-se completamente, formando zonas planas poeirentas, enquanto que nas encostas, a erosão esculpiu desfiladeiros, mesas, escarpas, pirâmides de 15 a 30 metros, picos, agulhas que por vezes lembram minaretes, cones e chaminés de fadas. A erosão continua nos nossos dias: os picos e cones atuais vão desaparecendo lentamente, ao mesmo tempo em que outros se estão a formar nas encostas à beira dos planaltos.
O ideal é ficar pelo menos três dias para dar conta das diversas atrações. Cada setor tem sua característica própria. Em alguns as rochas são extremamente interativas, formando um playground natural para adultos. Em outras as chaminés de fadas tomaram forma de cogumelo, ou lembram animais.
Percorrer tudo é simples. As opções vão desde cavalgadas a quadriciclos, passando por aluguel de motos e voos de balão. A Capadócia é certamente um dos lugares mais interessantes do mundo para seguir a direção do vento. Os voos saem 320 dias por ano devido às boas condições climáticas. E isso mesmo no inverno, com neve. Em cada balão cabem 20 pessoas. Atingem-se cerca de 1000 metros altura e circula-se por uma área de 10 km em cada passeio, em média. Os passeios terminam antes das 9h, então é possível aproveitar o resto do dia para conhecer outras atrações, como o castelo de Uchisar a 5 km de Göreme. Ele fica no topo de uma montanha, garantindo uma vista magnífica dos vales. Pode-se voltar a Göreme caminhando pela estrada, e aproveitar para fazer paradas estratégicas nos mirantes para apreciar o lindo pôr do sol que tinge as rochas.
Para distancias curtas resulta útil viajar de dolmus, um pequeno ônibus de cores creme e azul que segue um percurso fixo e sai assim que lota. Paga-se com liras turcas. Alugar um carro seria uma boa opção, mas a sinalização das rodovias é com frequência insuficiente.
Da segunda metade do século 11, em forma de cruz, com duas colunas. Os motivos religiosos foram pintados em vermelho diretamente sobre a rocha, e há também representações de padrões geométricos, animais mitológicos e símbolos militares. Nesta igreja há uma representação de São Jorge e o Dragão.
TURQUIA – CAPADOCIA | FAMÍLIA GOLDSCHMIDT (vídeo em português 10 minutos)
Capadócia e o passeio de balão, 3 minutos
Capadócia surpreende com rochas inusitadas e cidades subterrâneas
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