O filme Maria Madalena, dirigido por Garth Davis, é uma obra para refletir sobre os preconceitos criados no entorno dessa personagem na história bíblica. Não existe argumento teológico para defini-la como a prostituta agoniada, que clamou o perdão de Jesus, pois é fabulosa qualquer citação de que ela tenha sido uma meretriz.
No contexto em que vivia Maria Madalena, as mulheres eram propriedades dos maridos. Elas estavam proibidas de tudo e submetidas a todos os tipos de punições e até a pena de morte. E nos séculos seguintes, grupos cristãos reduziram a participação feminina, seguindo a lógica patriarcal dos romanos.
Também foi criado um boato pelo polêmico Papa Gregório, que fantasiava Maria Madalena, como uma mulher possuída pelos demônios, e por ela ser uma concubina que abandonou “os bons costumes” para seguir um profeta, que vivia cercado por homens.
Hoje para mistificar ainda mais a biografia dessa jovem mulher, o escritor Dan Brown usou os textos apócrifos, que não têm validade historiográfica, para retratar Maria Madalena como errática, trazendo insinuações capciosas da relação de Madalena com o Nazareno.
Entretanto, Jesus – revolucionou o tratamento oferecido às mulheres, – uma vez que tinha entre os seus seguidores várias mulheres, e as mais conhecidas eram Maria de Nazaré e Maria Madalena. Por esse motivo, Madalena foi perseguida e vista pelos judeus como traidora e messalina.
O seu sobrenome dá uma dica de onde ela veio. Madalena significa de “Magdala”, uma vila de pescadores que ficava a 10 quilômetros de Cafarnaum, cidade que Jesus fixou residência, situada na margem norte do mar da Galileia, próxima de Betsaida e Corozaim.
Em busca de um novo modo de viver, que contestava as pressões da sociedade, da família e da misoginia de alguns apóstolos, Maria Madalena junta-se a Jesus em sua peregrinação. O carisma de Madalena, era inato, conseguia encantar através da sua forma de ser e agir.
Ela tinha uma amizade com Jesus, constíuida de cuidado. Naquele tempo e hoje reina a visão machista de que é inadimissível – a amizade entres homens e mulheres, – mas existe sim, e está baseada no sentimento de lealdade e respeito.
É por isso, que Maria Madalena acompanhou o seu amigo no calvário, onde ouviu os seus últimos suplícios. Ela levou bálsamo para preparar o corpo de Cristo. Em outro momento Madalena estava na parte de fora do túmulo, em prantos e debruçou-se para o interior do sepulcro e viu dois anjos vestidos de branco sentados no local que tinha estado o corpo de Jesus, um à dianteira e outro aos pés.
E os anjos lhe perguntaram mulher porque choras? Ela falou porque levaram o meu mestre e não sei onde o puseram. Então, ela voltou-se para trás e viu Jesus de pé, mas não o reconheceu. E Jesus disse-lhe: Mulher, porque choras? Quem procuras?
Portanto, Maria Madalena era confidente e discípula de Jesus, e foi a primeira feminista que se tem notícia na história, que testemunhou a crucificação e a ressurreição de Cristo. Assim, tornou-se uma mártir e sofreu perseguição por se recusar a renunciar a sua fé.
Em 2016, o nosso Papa Francisco confirmou a história dessa mulher, reconhecendo Maria Madalena como apóstola de Jesus. Atualmente ela é considerada santa pelas diversas comunidades cristãs e a festa em sua homenagem é celebrada no dia 22 de julho.
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