Eu não sei como anda o seu discernimento para o amor mas, antes dele ser próprio ou mesmo antes dele ser compartilhado com alguém, ele precisa ser livre. O que eu quero dizer com isso? Que falar de amor não é a mesma coisa que vivê-lo.
Você pode externar o que você chama de amor o quanto quiser, mas se ele é demonstrado com gestos e discursos possessivos, não é amor. Não existe romantismo em quem se enxerga acima da vontade de uma outra pessoa. A desculpa do amar de demais e do querer proteger quem está nesse sentimento, nada mais é do que um coração imaturo e distante da realidade.
Você também não pode pedir por respeito quando, no mais claro interesse individual ou de uns poucos do seu círculo, você se aproveita do amor para tentar disfarçar o seu medo, a sua intolerância, a sua fraqueza emocional. Isso é abuso, é distorcer um sentimento que você claramente não sabe o que significa. Por que você sabe o que é amor?
O amor é aceitar a felicidade do outro. É não ser obrigado e nem obrigar alguém a ficar. É ter a leveza e altruísmo de ver alguém importante seguir um caminho diferente do seu e, em vez de inventar culpas, você aprende e cresce com os momentos que tiveram juntos. O amor é a forma como você encara a escolha do outro. É sobre a sua empatia e atenção por quem você convive e por quem você nunca viu. O amor é a ternura contida em quem realmente se coloca no lugar do próximo. Não para carregar o mundo nos ombros, mas para não deixar de percebê-lo nas suas distinções.
O amor é cuidar da própria vida, e ainda assim zelar pela jornada sentimental do outro. O amor é estancar qualquer sentimento de egoísmo dentro do coração e evoluir como ser humano. É importante que o amor desenvolva-se próprio também, sem dúvida. Mas ele nunca é legítimo ou bonito se tem o direito de desvalorizar o amor de quem quer que seja.
Ainda há muito para ser decifrado sobre o amor, mas até ele concordaria que o que vemos nas atuais interações passa bem longe da sua essência, da sua verdadeira importância.
Espero que o amor que tento diariamente habitar em mim, também habite em você.