Carta de um ansioso para seus parentes e amigos

Prezado amigo,

Esses dias vi na internet uma imagem em que uma moça vomita incontáveis corações de tamanhos diversos. Representação pesada, porém fiel ao que o ansioso deseja em suas maiores crises: vomitar seus próprios sentimentos, coloca-los para fora e ver-se livre deles.

A expressão que resumiria a sensação é o “não saber lidar”. Não conseguimos administrar nossas emoções, sentimentos, paixões e entramos em colapso quando chegamos ao nosso limite. São nesses momentos que esperas esticadas viram inquietude e estresse extremos, que escolhas a serem feitas se tornam insônias persistentes e qualquer indício de perda ou rejeição um motivo para desconcentração e apreensão.

O fato é que não fazemos porque queremos. Sim, infelizmente somos muitos. Sou seu colega de sala, o senhor da lanchonete, o moço da farmácia, a sua vizinha, às vezes, até mesmo seu pai ou sua irmã.

É por isso que peço que sua paciência e atenção se voltem não só para mim, seu amigo próximo, mas todos ao seu redor, porque vem sem aviso e atinge até mesmo aqueles que nos parecem mais fortes.

Assim, de repente, aquele turbilhão de sentimentos nos toma o controle. Envergonhamo-nos e nos culpamos por isso, mas é inevitável. Guardar consigo vira uma missão complicada que mais tarde se torna uma tortura cotidiana.

O que fazer?
Seja empático, amigo. Não banalize nossas queixas, não ignore nossas preocupações. Se informe! Nossa mente está tão propensa a adoecer quanto nosso corpo e existem profissionais específicos capacitados exatamente para nos tratar.

Dê atenção! Ouça cuidadosamente, se mostre presente e crie uma atmosfera na qual nos sintamos confortáveis para nos abrirmos. Acima de tudo, esteja presente. Um clichê verdadeiro: um abraço, às vezes, conforta mais que mil palavras.

Com carinho,
Seu querido amigo







Paraibana (Campinense) estudante de Psicologia que tem a cabeça nas nuvens, pés no chão e um fraco por causas perdidas.