“Mulher é desdobrável. Eu sou.”- Adélia Prado
Com licença poética
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me...
O amor antigo- Carlos Drummond de Andrade
Uma homenagem do CONTI outra para Maria Aparecida Cruz Silva, nossa querida leitora.
O amor antigo
O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou...
Pois que este é nosso destino: amar sem conta- ...
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho,...
Poema à boca fechada- José Saramago
Poema à boca fechada
Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.
Palavras consumidas...
Passagem das Horas, por Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)
Passagem das Horas
Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo,
Eu torno-me sempre, mais tarde ou mais cedo,
Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou...
“A ÚLTIMA PEDRA”, um texto de grande sensibilidade de Joilson Kariri
A ÚLTIMA PEDRA
Daqui não se vê o céu
e a piteira de lata,
deixa um gosto que arde,
da fumaça que invade e faz na mente um...
“Pássaro azul”, um poema de Cecília Meireles
Pássaro azul
Tua estirpe habitara alcândoras divinas.
Com os pés de prata e anil desceste antigos tempos.
E em minhas mãos pousaste, e o silêncio explicou-se,
por tua...
Explicação da Eternidade
devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.
os assuntos que julgámos mais profundos,
mais...
ALZHEIMER, por Regiane Reis
À minha querida avó Emilia, a quem um dia eu não soube entender
Se você me abraça e eu não o reconheço,
Não faz mal,
Abrace-me mesmo...
Três poemas de Neruda que farão com que o seu coração...
Antes de amar-te, amor, nada era meu Vacilei pelas ruas e as coisas: Nada contava nem tinha nome: O mundo era do ar que esperava.
“Minha cabeça estremece com todo o esquecimento”, por Herberto Helder
Herberto Helder — Poemacto II
Minha cabeça estremece com todo o esquecimento.
Eu procuro dizer como tudo é outra coisa.
Falo, penso.
Sonho sobre os tremendos ossos...
“Gosto quando te calas”, um sublime poema de Pablo Neruda
Gosto quando te calas porque estás como ausente, e me ouves de longe, minha voz não te toca.