A figura beira a caricatura: anda com o nariz grudado no teto e o dedo em riste diante da cara da vítima que estiver mais próxima ou disponível; repreende aos berros seus “comandados” e sussurra ameaças de arrepiar os pelos da nuca; manipula informações a seu favor; distorce o que foi dito e o que nunca se disse, a depender de suas intenções; cobra tarefas que nunca chegou a formalizar; muda de ideia com mais frequência do que um motoboy troca de pista na “marginal”; acredita que é dono da rotina de seus funcionários, inclusive quando eles já terminaram o expediente. A descrição lhe parece algo familiar? É, meu amigo e minha amiga, esse tipo aí de “gente” anda se reproduzindo mais rápido que o mosquito da Dengue! E, pode ser tão perigoso quanto! Pode acreditar!
Por trás da tirania de uma pessoa que ocupa qualquer cargo de chefia pode se esconder alguns tipos danosos à sua saúde. Entretanto, há dois tipos mais comuns que caracterizam esse espécime. Um deles é o cara que se julga um visionário e, portanto, crê (com a mais absoluta convicção) que vai revolucionar o mundo; sendo assim, os outros demais seres inferiores têm a obrigação de idolatrá-lo; viver para servi-lo e ser eternamente grato por essa oportunidade. O outro, é o cara incompetente que alcançou o lugar de “líder”, ou por um golpe de sorte ou porque tinha excelentes contatos; esse é perigosíssimo porque, sentindo-se ameaçado por sua própria incompetência, precisa a todo custo escondê-la; e, para tanto, usa qualquer recurso, lícito ou ilícito, sem qualquer escrúpulo.
A grande maioria das pessoas depende de cumprir uma rotina diária profissional em função da qual, muitas vezes, passa mais tempo com seus colegas de trabalho do que com qualquer outra pessoa em sua vida, inclusive sua família. Essa convivência sistemática pode acabar sendo afetada de forma altamente danosa, dependendo do tom escolhido pelas lideranças da empresa. E, tanto faz se a empresa em questão é um mercadinho com quatro funcionários; uma livraria com vinte ou uma mega-empresa com milhares; se a política de resultados não passar em nenhum momento pela qualidade de vivência e convivência de seus funcionários, instala-se ali uma espécie de bomba-relógio que, mais cedo ou mais tarde, vai acabar explodindo.
Ambientes excessivamente competitivos, nos quais a mais alta performance é um objetivo por si só, gera deformações dramáticas no comportamento de todas as pessoas envolvidas. Com o passar do tempo, perde-se a perspectiva profissional; o senso de ética e a conduta moral, que são fatores decisivos para nortear as atitudes e posturas, individuais ou das equipes, frente os grandes desafios, ou mesmo tarefas rotineiras que constituem o dia-a-dia de qualquer ambiente de trabalho. Sem que se perceba, vai sendo instalado um clima de animosidade e desconfiança que afeta a maneira de pensar e agir da mais bem intencionada pessoa. Torna-se corriqueiro passar por cima do outro para ganhar algum reconhecimento, seja material ou não.
Empresas cujos profissionais em cargos de comando nunca chegarão a líderes, podem adoecer irremediavelmente seus funcionários. E, esse fenômeno é tão perigoso justamente porque sua evolução vai ocorrendo aos poucos; à medida que se instala no ambiente profissional a cultura do medo mesclado com falsa notoriedade. Silenciosamente, as pessoas vão se adaptando ao modelo deformado de liderança baseada na política de favorecimentos, por meio do qual os “adaptados” se dão muito bem e os “rebeldes”, ou ficam isolados ou são descartados.
O caos da falta de profissionalismo no ambiente de trabalho destrói a saúde física, mental e emocional daqueles que ali convivem. Vai se tornando tão comum conviver com colegas que passam a manifestar dores de cabeça constantes; diagnósticos de gastrite, colite, e tantas outras “ites”; afastamentos por estresse, depressão e transtorno de ansiedade, que essas manifestações passam a ser vistas como normais. E, sinto informar, mas pessoas doentes não são capazes de produzir o que quer que seja, nem bem, nem mal. E, a médio ou longo prazo, a própria empresa estará necessitada de uma internação na Unidade de Terapia Intensiva.
Assim, cabe àqueles que são ou que selecionam os que serão alçados a cargos de liderança, cuidar para que sua consciência e ética profissional não sejam eclipsadas pela ambição sem freios ou pela falta de escrúpulos para atingir o que quer que seja. Chefe, qualquer um pode ser. Mas, para ser líder é preciso estar ciente de uma enorme responsabilidade que engloba critérios que passam pela capacidade via conhecimento; talento para harmonizar diferenças e estrutura emocional talhada tanto para gerir sucessos quanto administrar crises.
Aqueles que têm habilidades de liderança sabem que os erros fazem parte do processo e que, para calcular eficientemente os riscos, precisam contar com uma equipe coesa e equilibrada. Conhecer a si mesmo, seus pontos fortes ou fracos, fazem do líder uma pessoa capaz de tratar com empatia seus colaboradores, conhecendo-os; sendo capaz de colocar-se em seus lugares e reconhecer suas expectativas. O discurso de um líder só é válido se for acompanhado por atitudes e posturas exemplares que o ilustrem. A equipe conduzida por um líder que compartilha informações e sabe delegar funções, respeita e absorve a voz de comando. O conhecimento, aliado à percepção do ambiente profissional é a base da estrutura de confiança de qualquer liderança; um bom líder está sempre em contínuo processo de aprendizagem e pauta suas ações presentes na interpretação dos sinais reais que indicam o que pode vir a acontecer mais à frente. O comportamento equilibrado; a humildade; a franqueza polida e a segurança, tornam o líder apto a ter o respeito daqueles com quem trabalha e a ser capaz de preparar sucessores.
O fato é que, infelizmente o mundo está abarrotado de chefes que nunca chegarão a ser líderes. Pessoas que alcançaram cargos de autoridade por acaso ou conveniência e não por merecimento ou competência e assim, agem de forma autoritária, desrespeitosa e irrascível. Chefes tiranos podem adoecer uma equipe inteira, simplesmente porque não têm capacidade de motivar, orientar ou mesmo alinhavar qualquer tipo de envolvimento produtivo por parte de seus subalternos. É bem verdade que muitas vezes não temos escolha; acabamos por nos submeter a trabalhos e empregos que nos roubam a alegria de viver porque precisamos do dinheiro para sobreviver. A boa notícia!? Essa gente não se sustenta por muito tempo; e, mais dia menos dia, acaba se enforcando na própria corda que usou como chibata emocional.
Imagem de capa: jesterpop/shutterstock
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