Do sonho infantil à presença como espectadora de um dos shows mais cobiçados do mundo foram anos de interesse. Mas, assim como tudo o que acontece com o que realmente desejamos e nos organizamos para realizar, chegou o dia em que sonho e realidade encontrariam um momento de intersecção. Afinal, o êxtase só acontece em decorrência de sua efemeridade.
Eu e minha família estivemos presentes em uma das exibições da turnê Amaluna, realizada no último dia 10 de novembro, em São Paulo. Desde então, passei por uma semana contemplativa onde organizei o misto de sentimentos causados por um espetáculo de tamanha magnitude. Isso porque, como vocês podem imaginar, essa apresentação de beleza extraordinária, que nos toca a imaginação, os sentidos e mesmo a ideia de finitude humana, não é algo que se pode ver e depois sair da mesma forma que entrou. Aquilo nos transforma.
No caso do Cirque du Soleil existe um fascínio universal que permite que algo transborde e atinja profundamente crianças, adultos e idosos, cada um à sua maneira.
O Cirque du Soleil para mim, naquele momento, dentro de um dia de semana na rotina paulistana, foi um alerta para a necessidade urgente da presença absoluta dos sentidos, coisa que, em nosso dia a dia, fazemos cada vez menos, pois passamos todo o nosso tempo transitando por diversos lugares, sem nunca estarmos onde realmente deveríamos estar.
O ritmo frenético e imponente que sincroniza o som e os movimentos dos artistas, também coordena magicamente as células do nossos corpo. É impossível não olhar fixamente; ininterruptamente; hipnoticamente para cada uma das apresentações. Acontece uma batida interna no interior da nossa alma que segue a inspiração e a expiração daquelas criaturas mágicas que nos surpreendem sobre o palco. A cada movimento, nós nos arriscamos com aquele que voa no trapézio; porque nós também estamos simbioticamente interligados ao que acontece com ele. Nós sorrimos com o casal apaixonado que protagoniza a história de amor; rimos com os palhaços que usam do exagero para nos mostrar que na vida, certo e errado, feio e bonito, sério e engraçado, são apenas detalhes; apenas uma questão de intensidade. Nós ficamos fascinados pela beleza que vai da estética do figurino a cada uma das fibras musculares dos artistas que, ao longo de décadas, romperam-se e se reconstruíram torneando corpos que fazem justiça ao enredo que fala de seres divinos.
Paro, respiro, salto, paraliso. Cada movimento é importante, é belo, preciso, mágico e inesquecível.
A sinergia é concretizada, algo em nós permite que adquiramos poderes quase sobre-humanos e também dancemos com a bailarina que construiu sua vida ensaiando sobre um palco. E também nos faz saltar ao lados dos ginastas que, desde a infância, passaram horas repetindo, aperfeiçoando e se superando em cada movimento. No palco, no circo, em Amaluna, junto do pulso, em sincronismo, dentro de nós mesmos, sentimo-nos como parte do todo. Somos enlevados pelo som da voz feminina que abre um portal e nos transcende para um mundo onde homens, deusas e seres antropomórficos coabitam e vão além, simplesmente porque estão presentes no aqui e no agora do espetáculo.
Paro, espero, respiro. A próxima apresentação pode ser muito arriscada e exige a máxima atenção. Então, eu e todos os outros encantados pares de olhos à minha volta, respiramos, e olhamos, e sentimos, e suspiramos e estamos sinceramente presentes.
O circo, em especial o Cirque du Soleil, é algo tão inigualável porque deixa claro, mesmo que a princípio não percebamos, que a felicidade e a vida só existem no aqui e no agora. E essa vida pode ser engraçada, e pode ser imensamente bela. E pode ser mágica, triste ou mesmo perigosa. Mas, estejamos atentos, ela só é nossa quando nos permitimos inspirar e respirar o que nos cerca com atenção máxima, na presença absoluta dos sentidos, na consciência de que a arte jamais imitará a vida: a arte é a própria vida, em sua mais absoluta e arrebatadora plenitude.
Mais informações: O espetáculo estará no Brasil em São Paulo, no Parque Villa Lobos
de 5 outubro, 2017 – a 17 dezembro , 2017. Site oficial.
Rio de Janeiro: At the Olympic Park. 28 dezembro , 2017 – a 21 de janeiro , 2018
Imagens divulgação.
Você não vai querer sair da frente da TV após dar o play nesta nova…
Será que você consegue identificar o número 257 em uma sequência aparentemente interminável de dígitos…
Se você é fã de comédias românticas que fogem do óbvio, “O Casamento do Meu…
Uma história impactante e profundamente emocionante que tem feito muitas pessoas reavaliarem os prórios conceitos.
Um filme charmoso e devertido para te fazer relaxar no sofá e esquecer dos problemas.
O escritor Marcelo Rubens Paiva, autor do livro que inspirou o filme Ainda Estou Aqui,…